É cada vez mais comum vermos jovens, acima de 20 anos, morando com os pais e dependentes financeiramente deles. A psicóloga Alice Munguba falou sobre adolescência prolongada, e de como ela afeta as relações entre pais e filhos, em entrevista à rádio Sociedade.
Sair da adolescência implica em escolhas que garantem ao indivíduo certa independência dos pais. A sociedade estabeleceu marcos importantes, como se fosse possível definir um roteiro a ser seguido e que simboliza a entrada na fase adulta: casar, se formar, ter um bom emprego, ser independente financeiramente, morar sozinho, etc.
De acordo com a psicóloga Alice Munguba, esses processos começaram a mudar nos últimos anos, sobretudo no estilo de vida dos adolescentes que demoram mais tempo para amadurecer, o que também passa pela responsabilidade dos pais.
“É uma questão bem presente por diversos fatores econômicos, mas também pela proteção prolongada. A superproteção ganhou mais força com a tecnologia, ao mudar aspectos familiares em torno de como as coisas funcionam. O medo é maior e, consequentemente, a proteção também aumentou”, aponta.
Assista à entrevista:
Papel dos pais
Os pais possuem papel fundamental na criação dos filhos. Assim sendo, delegar responsabilidades, desde a infância, pode ajudá-los em seu amadurecimento. No caso da adolescência prolongada, é comum que os pais bloqueiem e impeçam o desenvolvimento do filho, influenciando em suas escolhas.
Alice explica que os filhos também contribuem para esse processo, na medida em que se tornam mais demandantes econômica e emocionalmente dos pais. A psicóloga destaca que eles precisam se posicionar em relação a essas atitudes paternalistas, que corroboram para o amadurecimento tardio.
Dependência financeira
A saída da casa dos pais é um marco que simboliza a ruptura da adolescência e o início da fase adulta. Um dos fatores que podem adiar essa transição, e colaborar para essa adolescência prolongada, é a dependência financeira dos pais.
Entretanto, a psicóloga aponta que é possível conquistar essa autonomia ainda na casa dos pais, participando financeiramente ao ajudar nas contas de casa.
“Mesmo que os filhos não tenham condição de pagar o aluguel sozinho, comprar uma casa ou dividir um apartamento, eles podem fazer o acordo para contribuir financeiramente, e não se ver como uma criança que depende totalmente dos pais”, finaliza.