Na última edição do Encontros Holiste, a psicóloga Daniela Araújo palestrou sobre a angústia infantojuvenil, seus sintomas, causas e possíveis tratamentos.
Infância e adolescência são duas fases de grande importância para o desenvolvimento do indivíduo. Apesar de algumas pessoas, principalmente os pais, terem dificuldade em entender e lidar com as diferenças de cada fase, é importante ter em mente que cada uma exerce uma função diferente e singular na formação da pessoa, e que, portanto, necessitam de abordagens diferentes no relacionamento diário. A situação piora quando os pais se deparam com um problema que, se ignorado, pode trazer prejuízos para seus filhos: a angústia infantojuvenil.
Em sua palestra “As expressões da angústia na infância e adolescência”, Daniela Araújo, psicóloga da Holiste, esclareceu pontos importantes de cada fase, alertando para os fatores capazes de provocar uma angústia nessas crianças e jovens, além de apontar como os pais podem perceber os sinais de que algo está errado e a melhor maneira de abordar o problema.
Assista à palestra completa:
A INFÂNCIA
Essa é uma importante fase de desenvolvimento de estruturação psíquica. É aqui que o indivíduo começa a desenvolver a base daquilo que constituirá sua personalidade, sua identidade enquanto indivíduo.
No primeiro momento, a criança tem uma relação de completa dependência com os pais. Todas as suas ações, necessidades e desejos dependem desse olhar dos pais, do outro, para serem efetivadas. Com o tempo, a criança começa a experimentar pequenas situações de autonomia: começa a engatinhar, a arrumar seus brinquedos, a dormir sozinha em um quarto separada dos pais, e aos poucos vai prescindindo dessa relação de total dependência.
“Eu destaco, dessa fase, que a gente não deve subestimar a criança. A criança escuta, percebe, enxerga, ela sente. (…) As brigas dentro de casa, tudo isso, a criança está suscetível a sentir” – afirma Daniela.
A ADOLESCÊNCIA
Diferente da infância, que é uma fase de desenvolvimento, a adolescência é uma fase de transição, de transformação, é uma fase de reajuste e de checagem de como foi feita a construção desse indivíduo durante a infância.
É na adolescência que entra em jogo a puberdade, as grandes transformações corporais, o aumento na produção de hormônios, o que leva muitos jovens a terem dificuldades em se adaptar a tantas mudanças. Ao contrário da infância, onde a criança busca sempre a tutela dos pais para as suas questões, a adolescência é uma fase de separação da autoridade materna e paterna.
“É importante, mesmo, que se desfaçam disso para que possam ir se independizando. É uma fase em que buscam, fora do contexto familiar, algumas referências. Estão buscando se identificar com amigos, com colegas, com seus grupos. Essa também é uma fase de descobertas amorosas, sexuais, o que também não é fácil” – explica a psicóloga.
ANGÚSTIA INFANTOJUVENIL
Devido desafios experimentados nessas duas fases, além de fatores ambientais externos à pessoa, o sentimento de angústia pode surgir na vida de crianças e adolescentes. Segundo Daniela, é importante pensar a angústia por dois ângulos: primeiro, a angústia se apresenta como esse sofrimento, essa inquietação, essa dor inominável que é difícil de expressar em palavras, mas que é facilmente percebida por quem sente aquele nó no peito que impede o funcionamento normal da pessoa; em contrapartida, também devemos pensar a angústia como uma bússola, o indicador de que algo não está bem, a ferramenta que vai nortear o tratamento a partir de sua escuta.
Para a especialista, o importante é ter em mente que a causa da angústia em crianças e jovens vai ser sempre individual, demandando de pais, professores, e profissionais da saúde mental um olhar individualizada para aquela criança.
“A gente nota, atualmente, uma tendência em se evitar a angústia, como se isso não pudesse acontecer. No fim das contas ele é fundamental, e não tem como desviar o olho dela. Se a gente não trata agora, nessa forma como ela está aparecendo agora, mas adiante ela vai aparecer em uma outra roupagem. É importante estar atento ao que se repete de estranho, se algo caminhava de uma maneira e de repente muda, pode estar atrelado a um sofrimento. Aí é o momento de buscar ajuda” – aponta a psicóloga.
PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS
Daniela elenca alguns dos principais sintomas de algo pode estar errado, de que a criança ou o jovem podem estar com alguma angústia que lhe traga prejuízos: irritabilidade, compulsões, automutilações, tentativa de suicídio, isolamento social, apatia, problemas psicomotores, déficit de atenção ou no aprendizado, abuso de drogas, hiperatividade, fobias, pânico, gagueira e TOC são alguns dos sinais de que algo não vai bem.
Ao notar um ou mais sintomas, os pais devem procurar a ajuda de um especialista, seja ele um pediatra, um psiquiatra, um neurologista, um psicólogo ou mesmo um psicopedagogo. Sempre que for identificado um prejuízo, o sofrimento da criança ou do jovem, um especialista deve ser consultado para a definição de um diagnóstico e início do tratamento. Quanto mais precoce a abordagem do problema, maiores a chance de recuperação e menos doloroso se torna o processo.
A Holiste possui o Núcleo Infantojuvenil, uma equipe especializada no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais. Nossa equipe é formada por psiquiatra, psicóloga, arteterapeuta, musicoterapeuta s psicopedagoga. Saiba mais sobre o NÚCLEO INFANTOJUVENIL DA HOLISTE.