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Anorexia nervosa e Bulimia: Transtornos mentais que podem levar à morte.

Dr. Luiz Fernando Pedroso, psiquiatra e Diretor Clínico da Holiste, esclarece pontos importantes sobre os transtornos, em entrevista ao Programa Saúde e Bem Estar da Rádio CBN.

A anorexia nervosa e a bulimia são transtornos mentais/ alimentares sérios, merecendo todo o cuidado e atenção dos pacientes e suas famílias. Muitas vezes confundidas com um excêntrico culto à magreza, a Anorexia Nervosa e a Bulimia são doenças graves que podem levar o paciente à morte. Predominantemente, estes transtornos acometem mais mulheres do que homens, podendo, no caso da Anorexia Nervosa, alcançar uma proporção de 20 para 1.

Qual a diferença entre Anorexia Nervosa e Bulimia?

Segundo o psiquiatra: “A Bulimia é um impulso, uma compulsão a comer. Mas, a pessoa ao comer, ao se saciar, fica enjoada, arrependida, ela tem a sensação de perda de controle sobre si mesma, se sente culpada e deprime. E ela tenta compensar isso provocando vômitos, tomando purgativos, diuréticos, etc.. A pessoa está sempre perdendo o controle, comendo compulsivamente, se arrependendo e tentando compensar isso”.

Já na Anorexia Nervosa, o quadro é completamente diferente: “A Anorexia Nervosa é a perda de apetite por fatores psíquicos. Uma das características principais da Anorexia Nervosa é a alteração da autoimagem da pessoa. Por mais magra que ela esteja, a pessoa está se sentindo gorda, se sentindo muito acima do peso. Então, ela está tentando ficar no peso que, na cabeça dela, pelo delírio dela, seria o ideal. Mas, muitas vezes, em anoréticos você vê episódios bulímicos também” – pontua o especialista.

Anorexia x Padrão de beleza

Muito se comenta sobre o padrão imposto pela indústria da moda, principalmente sobre as mulheres, de que as pessoas necessariamente têm que ser magras para serem felizes e aceitas. Muitas vezes, este tipo de cobrança acontece dentro do próprio ambiente familiar, do meio social do indivíduo. Contudo, o psiquiatra considera que este fator não é a causa do transtorno: “Todos esses componentes psicológicos, as comparações, as frustrações, a inveja, a mágoa, o ressentimento, as perdas, todos nós vivemos isso. Isso faz parte da vida desde a nossa mais tenra idade. Agora, se as pessoas já têm uma fragilidade prévia qualquer, não raro de origem hereditária, então estas coisas começam a tomar um significado maior, uma importância maior, um peso às vezes até desproporcional à realidade. As pessoas começam a valorizar demais certos aspectos negativos, a atar suas vidas em torno disso e dar uma relevância que uma pessoa normal não daria”.

Diagnóstico e Tratamento

As Anorexias podem ser tratadas, mas é preciso que seja realizado um diagnóstico preciso: “Anorexia é uma perda de apetite, e várias coisas podem motivar esta perda de apetite, inclusive doenças gástricas, problemas hormonais, etc.. Existem vários transtornos físicos que podem produzir Anorexia, que é a perda de apetite como um sintoma. A Anorexia nervosa é esta perda de apetite por fatores psíquicos, é diferente”.

Neste tipo de comorbidade, a abordagem multidisciplinar é fundamental para o êxito no tratamento: “O tratamento é necessariamente multidisciplinar. Você precisa do médico psiquiatra, do terapeuta, da nutricionista. Geralmente, é preciso mais de um profissional porque a Anorexia, assim como a Bulimia, é multifacetada: envolve aspectos físicos, complicações geradas pela desnutrição, além dos problemas psíquicos. O tratamento é muito difícil: você não tem uma pílula mágica para isso, não existe um tratamento específico. Então, é sempre um desafio para os profissionais. Boa parte destes distúrbios alimentares estão relacionados a transtornos de humor; outros a psicoses francas; então a gente vai tentando tatear o que está predominando no outro distúrbio, vai tentando tratar o que a gente chama de comorbidades para gerar uma situação favorável ao doente, de autopercepção, para que ele possa conversar, refletir e adquirir algum tipo de autocontrole”.

Acompanhamento nutricional

A importância da terapia nutricional manifesta-se essencialmente quando a vida do paciente encontra-se ameaçada pela intensa desnutrição. O nutricionista é responsável por discutir com o paciente suas reações, promover explicações a respeito de possíveis variações de peso e trabalhar a aceitação de um peso saudável.

Segundo Joyce Souza, nutricionista da Holiste, um dos pontos chave do tratamento é conquistar a confiança do paciente: “No início é necessário conquistar a confiança do paciente, a fim de que ele aceite o tratamento nutricional adequado. É imprescindível que o profissional tenha sempre o controle do tratamento e não se deixe seduzir pelas atitudes do paciente. É fundamental, também, que o nutricionista tenha um bom vínculo com o Psicólogo Assistente, para que possa fazer as devidas intervenções”.

Ouça a Entrevista completa: