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A arte de envelhecer bem | Revista Holiste

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Com os olhos voltados para a saúde mental do idoso, a psicogeriatria ou gerontopsiquiatria, uma subespecialidade da psiquiatria, dedica-se aos aspectos psicológicos e psicopatológicos que surgem com o processo do envelhecimento.

Muitas vezes, queixas sistemáticas, dores físicas, falhas de memória, indisposição nas atividades do dia a dia são encarados como algo normal da “idade”, o que nem sempre é verdade pois, na terceira idade, doenças mentais como depressão e ansiedade podem não apresentar seus sintomas clássicos, como a melancolia/ tristeza.

Envelhecer é um processo natural, e com ele há algumas perdas funcionais. Já o envelhecimento com a presença de doenças foge do padrão de desgaste do corpo de maneira saudável e requer cuidados. O psiquiatra André Gordilho destaca que o idoso sadio é participativo, tem uma vida social ativa e funcional dentro de uma limitação natural, de acordo com a idade.

Uma boa avaliação profissional é imprescindível na identificação dos sintomas psiquiátricos na terceira idade, que apresentam peculiaridades em relação ao adulto jovem. É necessário ter uma atenção especial com o declínio cognitivo – presente em quadros demenciais (doença de Alzheimer, demência mista e outras), mas também em diversas outras patologias  –  que muitas vezes podem cursar com sintomas depressivos, assim como os quadros depressivos podem cursar predominantemente com comprometimento cognitivo.

“É importante estar atento, buscar uma boa avaliação clínica associada a exames complementares (hematológicos, bioquímicos e de imagem) e realizar testes neuropsicológicos, o que ajuda muito no diagnóstico precoce, na prevenção e na manutenção da saúde e bem-estar do idoso”, ressalta o psiquiatra.

 

Ampliando o cuidado

Para atender às demandas específicas a Holiste oferece, desde 2016, o Núcleo da Terceira Idade. Um projeto voltado especialmente para os idosos, com ambientes adaptados, além de uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, terapeuta ocupacional, musicoterapeuta, arteterapeuta, educador físico, fisioterapeuta, nutricionistas e enfermeiros.

De acordo com Michelle Campos, terapeuta ocupacional e coordenadora do Núcleo, as atividades são voltadas para a demanda específica de cada paciente. Nos casos mais graves, que requerem a internação psiquiátrica, a Holiste dispõe de toda uma estrutura planejada e adaptada para acolher as necessidades específicas desse público. O serviço também é oferecido a nível ambulatorial e domiciliar. “Alguns pacientes idosos apresentam déficits de memória, linguagem, atenção, concentração, raciocínio e na função executiva. Para identificar a demanda e atuar de forma efetiva, o Núcleo realiza um teste onde é avaliada a função cognitiva do paciente, a partir do qual é elaborado um plano terapêutico individualizado, com atividades específicas de reabilitação e estimulação cognitiva”, explica a coordenadora.

Ainda de acordo com Michelle, o foco é a reabilitação e autonomia do paciente, seja na internação integral, no tratamento ambulatorial (consultório), domiciliar ou em hospital dia, onde o paciente participa das atividades durante o dia e retorna ao convívio familiar à noite. “Quando necessário, vamos até a casa do paciente e avaliamos se há a necessidade de adaptação dos ambientes. Orientamos cuidadores e familiares sobre como promover a independência e funcionalidade do paciente através das atividades do dia a dia”, complementa Michelle.

Lazer e diversão

Sendo uma das formas de promover aos pacientes o resgate da sua autonomia funcional, sua reinserção e readaptação ao ambiente sociofamiliar, o Núcleo desenvolve atividades externas como idas a cinemas, museus, supermercados e restaurantes. Conforme explica Dr. André Gordilho, o estímulo cognitivo e algumas atitudes são determinantes no processo de envelhecimento saudável e na recuperação do paciente idoso. “É necessário ressignificar o passado e manter-se no presente, com o cérebro ativo para reduzir ao máximo o déficit cognitivo. Ler muito, assistir filmes, planejar novas metas, ainda que esteja no auge dos 80 anos. O idoso pode e deve gerir sua própria vida, ser produtivo, capaz de realizar as atividades do dia a dia com maior disposição, praticar atividade física e, sobretudo, manter um vínculo social, afetivo e familiar ativo”, conclui.