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ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE CLASSE PRECISAM TER ESPÍRITO PÚBLICO.

Encontro Dra. Rosa Garcia

 Em clima descontraído, a equipe técnica do Espaço Holos recebeu a Dra. Rosa Garcia para uma conversa sobre as eleições para a Associação Brasileira de Psiquiatria.

 

Na última quinta-feira, dia 19/09, Dra. Rosa Garcia atendeu ao convite de Dr. Luiz Fernando Pedroso para um jantar com 14 profissionais do Espaço Holos que aconteceu no Restaurante Amado, com a agradável vista da Baía de Todos os Santos. Dentre os pontos mais importantes da conversa, estavam a relação médicos x convênios, médicos x laboratórios, a representatividade das entidades de classe e as questões éticas envolvidas.

Dr. Luiz Fernando iniciou a conversa dizendo que não se sentia à vontade para votar na Chapa 1 devido ao posicionamento demagógico da atual diretoria, expresso em campanhas lamentáveis como a da “Psicofobia é crime”. Disse, ainda, que tinha dificuldade em apoiar uma chapa que traz gente como o Ronaldo Laranjeira, que tem um posicionamento reacionário sobre a questão da dependência química, mas, ao mesmo tempo, conhecia muito pouco da Chapa 2. Dra. Rosa fez elogios aos trabalhos com dependentes químicos feitos pelo CETAD, e disse que aqui na Bahia temos um discurso muito mais progressista que o de Laranjeira: “Aqui na Bahia fazemos um dos melhores tratamentos de dependência química do país! Somos um dos pioneiros na política de redução de danos no Brasil”.

Questionada sobre os rumores de que a Chapa 2 teria um posicionamento antimanicomial, Dra. Rosa foi contundente: “Eu não posso ser antimanicomial, eu trabalho desde os 19 anos no Juliano Moreira antigo. Quando professora, eu trabalhava com o paciente dentro das enfermarias, não o trazia para sala de aula, não!”. A psiquiatra alerta para uma campanha de difamação, de desmoralização da Chapa 2 neste processo eleitoral: “Começaram a emitir propagandas enganosas, a dizer que nós somos da luta antimanicomial, a dizer que nós estamos mancomunados com o ministro da saúde, a dizer que quem está financiando a nossa campanha é o Padilha. Então eles puseram isso na internet…”.

Em relação aos rumores de que a chapa 2 se oporia preconceituosamente à relação dos médicos com os laboratórios, Dra. Rosa disse que os limites devem ser estabelecidos pela ética do profissional: “Se a indústria pode trazer uma pessoa boa para fazer uma conferência na sua clínica, ou em outro lugar, porque você não quer? Se você vai aprender? Eu não acho isso ruim”.

Sobre questões locais, Dr. Luiz Fernando disse ainda que também não se sentia confortável em se alinhar com a atual diretoria da Associação Baiana de Psiquiatria, que apoia a Chapa 1. Apontou que a mesma conduz a associação como se fosse um clube de amigos, sem espírito público e com mistura de interesses privados. Lembrando o caso do embate dos psiquiatras do Hospital São Paulo, Santa Mônica e Espaço Holos contra as atitudes antiéticas da auditoria da Petrobrás, ele falou sobre o medo e recusa dessa diretoria em citar a Petrobras em sua nota de apoio, fato que só se resolveu meses depois devido à enorme insistência de alguns colegas. Sobre isso, Dra. Rosa lembrou a importância em desvincular interesses particulares das atividades da Associação, e de como algumas gestões, no âmbito federal e estadual, se articulam em benefício próprio: “… eles têm a máquina a favor deles… a campanha do Antônio Geraldo critica que nas outras vezes havia o continuísmo porque não havia eleições diretas, então poderia se manipular. Só que ele conseguiu reformular o estatuto para se reeleger”. Na Bahia as coisas não são muito diferentes: “… a associação de profissionais não é para isso, mas para defender os interesses da classe”. Ela relatou, com pesar, a falta de relacionamento entre a maioria dos colegas e o afastamento dos psiquiatras em relação às entidades representativas, a postura apolítica dos filiados da Associação e a falta de comprometimento da mesma: “Conseguiram desagregar a classe. Tem muita gente boa trabalhando por aí, gente que põe a mão na massa, mas que não aparece”.

Dra. Rosa mencionou ainda a alegria e a realização em exercer sua profissão. Além de conversar sobre questões eleitorais, ela encantou a todos com sua história de vida dedicada à psiquiatria. Falou dos tempos em que estudou na Espanha com o Dr. Lopez Ibor (pai), das experiências dentro dos manicômios, da realização em lecionar e das suas participações em diversas instituições representativas, sempre de maneira honesta e com muito espirito público.