Em entrevista ao Jornal da Manhã, o psicólogo Cláudio Melo fala sobre as causas que podem ter levado ao aumento de divórcios neste período.
Com o isolamento social, as relações ganharam novos desafios, decorrentes de uma convivência mais intensa. A tensão dentro do ambiente familiar tem sido tamanha que resultou no aumento do número de divórcios no Brasil.
A busca no Google por escritórios especializados em divórcio cresceu 177% em comparação ao mesmo período em 2019. O psicólogo Cláudio Melo explica que um dos fatores para o rompimento da relação pode ser a ausência de maturidade:
“As pessoas, hoje em dia, se casam muito facilmente e geralmente são relações pouco maduras, com laços afetivos muito tênues. Então, qualquer pressão como a pandemia tende a reter esses laços”, afirma o psicólogo.
Assista à entrevista:
Convivência intensa
É claro que processo do divórcio não é culpa do isolamento. Muitas relações já estavam desgastadas e sofridas, e os conflitos apenas se agravaram com a convivência mais intensa.
Compreender o espaço alheio é fundamental para construção ou manutenção de um relacionamento com respeito pela individualidade do outro. Para o especialista, o isolamento fez com que os casais enfrentassem situações muitas vezes ignoradas:
“O próprio isolamento coloca o casal um de frente ao outro para lidar com suas questões antigas e recentes. Mas, o alvo principal dessa pressão são os casais recém-casados”, sugere o psicólogo.
Superficialidade
Com a pandemia, as relações mais superficiais tornam-se mais perceptíveis. O que já era fonte de insatisfação ganha força, e vai minando os laços que, aos poucos, foram sendo construídos.
Cláudio acredita que os relacionamentos atuais tendem a ser mais superficiais. hoje, muitas dessas relações começam em aplicativos de encontros, onde as pessoas marcam um encontro mesmo antes de terem dividido uma experiência social juntos: uma festa em um barzinho, uma classe na universidade ou qualquer outra ocasião onde poderiam ter desenvolvido um contato antes do interesse físico, sexual:
“Hoje em dia a gente começa um relacionamento como se fosse numa loja de departamento e pegasse um casamento ou companheiro novo. As relações são muito superficiais”, finaliza o psicólogo.