Quando falamos em vícios e dependências, o normal é pensarmos em drogas ilícitas. Mas, a verdade é que o universo dos comportamentos dependentes é muito maior e mais complexo que o uso de uma “substância maligna”.
E se dissermos que o comportamento dependente vai muito além das substâncias químicas? Já ouviu falar em craving? Como fazer para ajudar alguém que tem alguma dependência? E a internet, vicia?
“Comportamentos Dependentes” é o tema do novo vídeo da série “Saúde Mental na ponta do lápis”, que aborda o assunto de forma leve e lúdica, com o objetivo de levar mais informações e desmistificar a Saúde Mental. Assista ao vídeo.
O QUE É UM COMPORTAMENTO DEPENDENTE?
Antes de mais nada, precisamos entender o que é um comportamento dependente. Quando se fala em dependência, normalmente pensamos no álcool ou em drogas ilícitas. Mas, essa doença não precisa estar relacionada a uma substância. A relação de dependência pode acontecer com sexo, jogos, remédios, comida, games, internet, etc.
O psiquiatra Luiz Guimarães diz que é preciso entender que o problema não está em determinada substância, a dependência está relacionada ao mecanismo de recompensa do cérebro que busca reforçar um comportamento, e é esse comportamento que se torna patológico. Hoje, vamos abordar semelhanças e diferenças entre diferentes tipos de dependências.
Primeiro, é importante entender o conceito de craving, ou fissura. Ele está relacionado ao desejo quase incontrolável de repetir uma experiência, podendo ou não estar relacionada ao consumo de determinadas substâncias, desde alimentos – como o chocolate – até drogas psicoativas – como álcool, crack ou heroína. Uma inquietação enorme começa a tomar conta do corpo, seguida de irritação e muito nervosismo.
CRAVING X ABSTINÊNCIA
Mas… qual é a diferença entre o craving e a famosa abstinência? O psicólogo Ueliton Pereira explica que a abstinência produz sintomas físicos ligados diretamente à falta específica de alguma substância química. O craving é manifestado pelo pensamento, não tem a ver com substâncias, e se relaciona com todos os comportamentos dependentes.
Isso acontece porque o craving está intimamente ligado à memória: aquele primeiro momento em que se sente algo prazeroso é registrado no cérebro como algo bom e que deve ser repetido. O psicólogo Pablo Sauce explica que não se sente craving se você nunca tiver usado droga ou vivido a situação. Ela é desencadeada pós-uso. É uma associação mental do prazer registrada como afeto e satisfação.
SAIBA MAIS SOBRE O CRAVING
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
A dependência com maior visibilidade é a dependência química. Ela é definida como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos, que se desenvolvem após o uso repetido de determinada substância. A pessoa vive com a droga como se fosse uma bengala. Pode estar relacionada a uma substância psicoativa específica (cigarro, álcool ou cocaína), a uma classe de substâncias (opioides) ou a um conjunto mais vasto de diferentes substâncias.
A Dependência Química apresenta características distintas em relação a outras patologias mentais, por isso o tratamento demanda um programa específico para a recuperação do dependente. Existem quatro perspectivas que orientam o tratamento de um dependente químico: Medicação, Abstinência, Psicoeducação e Responsabilização.
Além disso, a prevenção é muito difícil na nossa sociedade. Além do estigma associado ao uso de substâncias ilícitas que transforma o assunto em tabu, a aceitação social das drogas lícitas dificulta a identificação e abordagem do problema.
É o caso do álcool. Por se tratar de uma droga legalizada e de grande utilização social, o álcool é praticamente esquecido quando se toca no problema das drogas. Por sinal, o alcoolismo é a principal causa dos afastamentos por abuso de substâncias químicas.
DEPENDÊNCIAS
Além das drogas ilícitas e do álcool, hoje se fala muito em vício em games ou smartphones, isso existe? E, se existe, quando o uso da tecnologia pode se tornar um problema?
Em janeiro deste ano, o vício em games foi considerado um distúrbio mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A condição agora recebe o nome de “distúrbio de games”. A patologia pode ser muito grave, ao ponto de levar a pessoa a preferir os jogos a qualquer outro interesse pessoal ou social.
Segundo o psicólogo André Doria, muitas vezes o exagero nos jogos eletrônicos, por parte desses jovens, vem de um comportamento permissivo dos pais, que têm cada vez mais dificuldades em impor limites. Nesse aspecto, é possível dizer que o vício em tecnologia existe, sim, mas é preciso ter cuidado com rotulações e buscar um diagnóstico profissional, para não confundir a doenças com outros problemas de origens diferentes.
Ainda segundo Dória, o que deve ser levado em consideração é se o sujeito já não consegue desenvolver suas atividades diárias, compromissos do trabalho ou estudos, não consegue se relacionar com pessoas que estejam fora do ambiente virtual; nesse caso pode ser que ele esteja vivendo uma espécie de dependência sem substância.
AFASTAMENTO DO TRABALHO
E o problema dos comportamentos dependentes tem um outro aspecto muito menos comentado: Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) as dependências são responsáveis por mais de 150 mil afastamentos por ano. Além dos afastamentos pela dependência química em si, cerca de 25% dos cerca de 500 mil afastamentos por acidentes de trabalho no Brasil são decorrentes do uso ou abuso de drogas. São cerca 125 mil acidentes causados pelas dependências químicas.
Mas, então… Diante de dependências de drogas, álcool, jogo ou tecnologias a pergunta que fica é: o que fazer? O que podemos fazer para ajudar?
A família tem papel fundamental no processo, tanto na identificação dos sintomas quanto no acompanhamento do tratamento: “Na maioria dos casos, quem procura pelo tratamento é a família, seja de forma direta ou indireta, pressionando o dependente a tomar uma atitude que este não consegue por si mesmo.” conforme explica Pablo Sauce. Entretanto, muitas vezes a família se sente impotente, pois a pessoa dependente é quem sustenta toda a casa. Outra situação muito comum é a dependência química ocasionando prejuízo ao desempenho no trabalho. Nesses casos a empresa deve ter um link direto com a família para juntos, tentarem reabilitar aquela pessoa.
Para identificar se um funcionário ou colega de trabalho passa por um problema semelhante, é importante notar alguns padrões comportamentais e mudanças de postura, por exemplo: aumentou o número de acidentes de trabalho; a pessoa passou a se ausentar por mais tempo; começou a se indispor com os outros colegas no trabalho; ele costuma voltar mais tarde no horário de almoço ou de pausas para beber água ou cafezinho; ou, inclusive, se a pessoa começou a pedir adiantamentos salariais ou dinheiro emprestado a colegas”.
TRATAMENTOS
A identificação, tratamento e acompanhamento de dependentes químicos é um assunto muito sério, que exige cuidado e conhecimento técnico. O Tratamento de Dependência Química da Holiste, é pensado a partir de anos de experiência cuidando de dependentes químicos (álcool e outras drogas) e suas famílias. Os principais objetivos do nosso tratamento são: a estabilização do quadro da pessoa com abstinência; a recuperação do quadro clínico geral; o restabelecimento de rotinas de vida e de vínculos sócio-familiares; a criação de estratégias para a prevenção de recaídas e, principalmente, a adesão ao tratamento.
A abordagem não deve ser focada apenas nas substâncias químicas, mas na impulsividade e nos comportamentos dependentes de uma forma mais ampla.
SAIBA MAIS SOBRE O PROGRAMA DE TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA DA HOLISTE
MODERNA PSIQUIATRIA
A Holiste possui uma equipe de profissionais capacitados e uma estrutura completa para tratar a doença, incluindo internação, ambulatório, hospital dia, residência terapêutica e atendimento domiciliar. A chamada “moderna psiquiatria” é a maneira da Holiste de abordar o cuidado com a saúde mental, levando em conta que cada paciente é único e precisa de tratamento e abordagens personalizados.
Se você quiser entender mais sobre dependências, dá uma olhada no vídeo mais completo sobre o assunto, com os depoimentos dos profissionais da Holiste: TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA