O Tribunal de Contas do Estado trouxe a Depressão como tema do seu Programa de Saúde e Bem-Estar, em palestra ministrada por Dr. André Gordilho, psiquiatra da Holiste.
Uma das maiores causas de afastamento do trabalho do mundo, a depressão é um tema cada vez mais abordado nos programa de saúde das empresas, sejam elas públicas ou privadas. O problema é tão sério que este ano a Organização Mundial de Saúde – OMS elegeu a Depressão como tema do Dia Mundial da Saúde, realizando uma forte campanha de conscientização e prevenção do transtorno. Com a palestra “Depressão e Tristeza – como diferenciar?”, o psiquiatra André Gordilho esclareceu pontos importantes aos colaboradores do TCE Bahia.
Tristeza não é Depressão
Muitas pessoas tendem a confundir o estado de tristeza com a depressão, chegando até a se auto medicarem, colocando a própria saúde em risco. “Às vezes a pessoa passa por um evento traumático, uma perda, que leva a um estado de luto, o que é perfeitamente normal. Se um jovem perde uma matéria na faculdade e fica triste, ou uma pessoa perde um ente querido, ou tem uma desilusão amorosa, nada mais natural do que apresentar um quadro de tristeza. Mas isso não quer dizer que a pessoa está deprimida, que tenha um quadro patológico de sofrimento. É preciso ter consciência de que são coisas diferentes” – explica o especialista.
Mas, se a tristeza é comum e normal, quando devemos ficar alertas para um possível quadro de depressão? “A depressão é uma tristeza sem motivo que não passa. Ela pode até ser desencadeada por algum dos eventos traumáticos que citei anteriormente, mas ela tende a não melhorar normalmente com o passar do tempo, gerando um prejuízo ao paciente que não é razoável, é desmedido. Quando esse estado deprimido começa a atrapalhar a vida do indivíduo no trabalho, nos estudos, nas relação sociais, quando ele não cuida mais de sua saúde ou ameaça tirar a própria vida por conta desse sofrimento, fica mais claro o quadro de depressão” – afirma Dr. Gordilho.
Prevenção é fundamental
Não existe um modo de se prevenir efetivamente uma depressão. Hábitos saudáveis e uma vida equilibrada ajudam, mas não garantem que um indivíduo não venha desenvolver um quadro depressivo ao longa da vida. Assim, a prevenção está relacionada a identificação dos sintomas na fase inicial da doença e realização de um diagnóstico precoce, o que diminui os impactos provocados pela doença e o risco de uma crise. “É importante identificar a doença o mais rapidamente possível e, logo em seguida, iniciar o tratamento de forma correta. A educação do paciente também é muito importante. Geralmente eles enxergam a psiquiatria com preconceito e isso acaba dificultando o processo de tratamento. No ambiente de trabalho, por exemplo, é fundamental que a empresa e os gestores fiquem atentos aos sinais de que algo de errado está acontecendo com o funcionário, quando ele não rende o que deveria, falta ou se atrasa com frequência, não se relaciona bem com os colegas, são sinais de que algo está errado. É preciso que haja um espaço de diálogo confiável entre a empresa e o funcionário, para que ele se sinta seguro e busque a ajuda necessária” – afirma Gordilho.
Tratamento
O tratamento da depressão tem avançado bastante nos últimos anos. Os medicamentos atuais permitem que grande parte dos pacientes consigam ter uma vida normal, mantendo a doença controlada. O psiquiatra chama a atenção para a importância da continuidade do tratamento, que tem mais efeito quando realizado multidisciplinarmente. “O tratamento quase sempre envolve um aporte medicamentoso, mas as psicoterapias e outros cuidados com a saúde são fundamentais para um melhor desenvolvimento do quadro. Também é importante a constância do tratamento; muitos pacientes, ao primeiro sinal de melhora, suspendem a medicação por acharem que não precisam mais dela, e é aí que existe o risco de agravamento da doença”.
Gordilho ainda lembra que, para pacientes que por algum motivo não podem fazer uso das medicações psiquiátricas (alérgicos, por exemplo), existem as terapias de neuroestimulação. A Eletroconvulsoterapia e a Estimulação Magnética Transcraniana são duas alternativas que apresentam bons resultados em pacientes depressivos. “A eletroconvulsoterapia, também conhecida como eletrochoque, apesar de não ser uma pratica recente apresenta grandes resultados no tratamento das depressões profundas, aquelas que apresentam risco de suicídio para os pacientes. A estimulação magnética também apresenta bons resultados no tratamento, além de ser uma pratica menos invasiva que dispensa a aplicação de anestesia, senda realizada com praticidade e com o paciente sentado confortavelmente em uma poltrona” – finaliza.
“Vamos falar sobre depressão” é o tema da campanha global da Organização Mundial da Saúde para o Dia Mundial da Saúde de 2017. Saiba mais sobre a campanha.
Assista o vídeo da websérie “Desmistificando a Saúde Mental” com o tema “Depressão.