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DEPRESSÃO ENTRE UNIVERSITÁRIOS

depressão entre universitários

Dados da ANDIFES – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior apontam que 15% dos universitários sofrem de depressão, número quase três vezes maior do que a média nacional.

O estresse da rotina pesada de estudos, além da necessidade que muitos estudantes têm em conciliar estudo com trabalho, leva a um maior adoecimento nesse segmento da sociedade. Entre os alunos de pós-graduação, esse número é ainda mais alarmante: 36% dos estudantes sofrem com o problema, segundo pesquisa realizada pela revista científica Nature.

Para abordar o tema, Livia Castelo Branco, psiquiatra da Holiste, participou do programa Viva Bem, da rádio Sociedade.
Ouça a entrevista completa:

ATENÇÃO AOS SINAIS

Apesar do que pensa o senso comum, não é fácil diagnosticar uma depressão. A maioria das pessoas confundem a tristeza, um episódio de luto ou mesmo uma apatia com uma depressão. Contudo, nem sempre a doença se manifesta dessa forma, com esses sintomas mais clássicos, e somente um especialista poderá fechar um diagnóstico. Apesar disso, existem alguns sinais que, quando observados, podem indicar que um quadro de depressão está instaurado.

“Se a gente nota que existe uma mudança de comportamento no indivíduo, em alguém que está perto da gente, a gente precisa, realmente, orientar que essa pessoa procure ajuda. Porque, muitas vezes, o individuo leigo não vai saber diferenciar o que é uma tristeza natural de uma depressão.

O que a gente fala dos sintomas da depressão: tristeza a maior parte do tempo é comum, mas muitas vezes vem acompanhada de uma irritabilidade ou com uma ansiedade muito intensa. (…) A gente pode ter as alterações de humor, mas o que também é um ponto chave na depressão são as alterações de energia: falta de ânimo, cansaço, fadiga, então se você pensar em um quadro depressivo que ainda não é moderado à grave, a pessoa vai continuar funcionando do mesmo jeito” – pontua a psiquiatra.

O PAPEL DA FAMÍLIA

Quando alguém enfrenta uma depressão, o apoio da família e de amigos é fundamental para a melhora do quadro. Infelizmente, nos casos que envolvem estudantes, é comum que pais e amigos se manifestem de maneira equivocada, com frases do tipo: “Você só estuda, não tem outra obrigação na vida, não há porque estar deprimido!” ou “Se você acha estressante estudar, imagine quando estiver trabalhando!”.

Segundo Livia, esse tipo de comentário não traz qualquer benefício, e ainda pode agravar o quadro: “Isso vem desde antes da universidade, desde a pressão do vestibular. (…) Já começa daí. (…) Isso é realmente muito desgastante para o indivíduo que tá começando a vida adulta naquele momento” – sinaliza.

Ao invés dessa postura, a psiquiatra indica que família e amigos adotem um comportamento acolhedor: “O mais importante, tanto pros familiares quanto pros amigos que estão por perto, é mostrar disponibilidade, sempre perguntar, demonstrar interesse. Perguntar ‘como é que você está?’, ‘como é que vão as coisas?’, ‘você está dormindo bem?’, ‘como é que está seu rendimento?’, todas essas coisas do perguntar”.

TRATAMENTO

Nos casos mais graves, é necessário internar o paciente para preservá-lo dos sintomas mais graves da doença, inclusive do suicídio. Mas, a grande maioria dos casos é tratada em ambulatório, sem grandes transtornos para o paciente.

O tratamento da depressão deve ser feito em uma abordagem multidisciplinar, envolvendo tratamento medicamentoso (acompanhamento com o psiquiatra), acompanhamento psicoterápico, adoção de hábitos saudáveis como cuidado com a alimentação e prática de esportes, além de atividades de lazer e relaxamento.

“O psicólogo vai ter uma avaliação dos seus sentimentos, das suas emoções, dos seus planos pro futuro, da forma como você se enxerga e como se relaciona com as pessoas. O psiquiatra é um médico, então, o médico vai focar nos sintomas: tá comendo ou não tá comendo, tá dormindo ou não tá dormindo?” – finaliza a especialista.