Mesmo com o número de diagnósticos de Transtorno Bipolar crescendo em todo mundo, bem como o acesso a informação, infelizmente, o estigma associado à doença ainda é uma barreira aos cuidados e continua dificultando o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz.
A fim de minimizar o preconceito e a desinformaçãosobre o transtorno bipolar no mundo, a Asian Network of Bipolar Disorder (ANBD), a Fundação Internacional Bipolar (IBPF) e a Internacional Society for Bipolar Disordes Bipolar (ISBD) se reuniram para estabelecer o Dia Mundial do Transtorno Bipolar e definiram o dia 30 de Março como a data de realização das ações em todo o mundo.
O QUE É TRANSTORNO BIPOLAR?
O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por alterações de humor que se manifestam através da alternância entre episódios de depressão e episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade.
“O transtorno é caracterizado por episódios diferentes de humor. Temos episódios depressivos, episódios eufóricos, episódios que são confluências entre o depressivo e o eufórico, conhecido como estado misto. O paciente evolui com episódios diferentes, que não são do dia para noite; em geral temos episódios durando semanas ou meses. É um período de duração onde a pessoa se comporta quase todos os dias de maneira diferente do que era considerado o normal”. Esclarece Dra. Fabiana Nery, psiquiatra do Espaço Holos.
Transtorno bipolar é uma doença mais comum do que a maioria das pessoas imagina. Estima-se que cerca de 15 milhões da população brasileira (o que corresponde a 8% dos brasileiros) seja portadora de transtornos bipolar, considerando os casos graves aos mais amenos da doença.
CAUSAS E CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO BIPOLAR
Ainda não existe um único fator que cause o transtorno bipolar, sabe-se que sua etiologia é multifatorial. Estudos apontam alguns fatos que podem estar relacionados à doença, como por exemplo fatores genéticos , biológicos e experiências pessoais.
Existem algumas classificações do transtorno bipolar:
- Tipo I – Caracteriza-se pela presença de episódios de depressão e mania, atinge 1% da população.
- Tipo II – É caracterizado pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia – hipomania.
- MISTA- Quando os episódios possuem várias características tanto de mania quanto de depressão simultaneamente.
CONSEQUÊNCIAS
O TB pode causar muito sofrimento para os indivíduos e suas famílias, chegando a incapacitar o portador. Dados da Organização Mundial de Saúde, ainda na década de 1990, evidenciaram que o TB foi a sexta maior causa de incapacitação no mundo. Estimativas indicam que um portador que desenvolve os sintomas da doença aos 20 anos de idade, por exemplo, pode perder 9 anos de vida e 14 anos de produtividade profissional, se não tratado adequadamente.
A taxa de mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais freqüente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos pacientes tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% conseguem efetivá-lo. Doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas cardiovasculares também são mais frequentes entre portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral.
A associação com a dependência de álcool e drogas não apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TB, dificultando a adesão ao tratamento e aumentando em duas vezes o risco de suicídio.
Em geral, o transtorno começa a se manifestar no inicio da vida adulta, na faixa dos 20 anos de idade. Porém, o início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez mais observado e, em função de peculiaridades na apresentação clínica, a elaboração de um diagnóstico se torna difícil. Não raramente, as crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda a instalação de um tratamento adequado. Isso pode ter consequências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de TB.
IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO ADEQUADO
O tratamento adequado do TB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores, podendo ser realizado em caráter ambulatorial, com acompanhamento do médico psiquiatra e uso regular de medicação. Casos de crises agudas, não raro, demandam uma internação psiquiátrica.
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