Novas descobertas demonstram que o tratamento de ECT é ainda mais poderoso do que se imaginava.
A eletroconvulsoterapia (ECT), popularmente conhecida como tratamento de eletrochoque, vem beneficiando milhares de pessoas através das décadas. Muitos pacientes psiquiátricos que não respondiam ao tratamento medicamentoso encontraram na eletroconvulsoterapia o conforto e a melhora do seu quadro clínico.
Duas pesquisas recentes atestam a eficácia terapêutica da eletroconvulsoterapia: a primeira, realizada por uma junta de universidades e hospitais psiquiátricos da Noruega, verificou que a eletroconvulsoterapia é mais eficaz na contenção das crises depressivas resistentes do transtorno bipolar que o tratamento medicamentoso convencional. A segunda pesquisa foi realizada pelo The Zucker Hillside Hospital em parceria com o The Feinstein Institute for Medical Research, ambos de Nova Iorque, e constatou que a ação conjunta entre o tratamento de ECT e a administração de clozapina é mais eficaz do que a utilização isolada do medicamento, no tratamento de esquizofrenias resistentes.
Palavra do especialista
Para o psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, Diretor Clínico da Holiste Psiquiatria e membro da International Society for Electroconvulsive Therapy and Neurostimulation, as recentes descobertas científicas são muito importantes para quebrar o estigma que acompanha o procedimento: “Estes resultados vêm validar aquilo que vivenciamos em nosso dia-a-dia na clínica. Nestes 15 anos realizando o tratamento de ECT , testemunhamos a melhora de muitos pacientes que chegavam desacreditados de uma possível recuperação, pois o tratamento medicamentoso já não surtia qualquer efeito. A eletroconvulsoterapia devolveu, para muitos destes pacientes, a possibilidade de levar uma vida próxima ao normal, através da contenção das crises e seus sintomas. É fundamental que estas informações cheguem ao grande público para que mais pessoas se beneficiem do tratamento, diminuindo qualquer tipo de preconceito relacionado ao procedimento”.
Atualmente, o tratamento de ECT é realizado de forma segura e indolor: “Muitas pessoas ainda associam a eletroconvulsoterapia a uma sessão de tortura, o que é um grande equívoco. Os aparelhos de ECT modernos trabalham com pulsos breves e carga controlada, tudo programado através de um computador. A aplicação é realizada com o paciente anestesiado, num ambiente com monitoração cardiorrespiratória constante. Além do psiquiatra, um anestesista e um profissional de enfermagem acompanham todo o procedimento, que é totalmente indolor. Após alguns minutos da aplicação, o paciente já tem total condição de voltar para casa” – explica o psiquiatra. O número de sessões e a duração do tratamento variam em relação a cada caso.