Este ano, o Encontro Anual da Associação Americana de Psiquiatria abordou o tema “Prevenção através de parcerias”. Dr. Luiz Fernando Pedroso, psiquiatra e diretor clínico da Holiste, participou do evento e fez um breve resumo dos pontos de maior destaque.
REDES DE CUIDADO
Seguindo o tema do encontro, muito se debateu sobre a importância das diversas psicoterapias, do contexto sociocultural do paciente e de como essas relações devem ser contempladas no plano terapêutico, formando uma rede de cuidado, a fim de promover a melhora do paciente e diminuir as recaídas. Para além de uma visão estritamente biológica do transtorno mental, a atenção sobre o tratamento deve voltar-se, também, para as questões subjetivas que fazem parte da doença e que causam impactos na vida do indivíduo, através de parcerias que visam o bem estar do paciente.
“Nos anos noventa a psiquiatria viveu o boom da indústria farmacêutica. Novas medicações foram criadas e propagadas como a solução definitiva para os transtornos mentais. Mas, temos observado uma grande queda do investimento dos laboratórios no segmento da psiquiatria, o que permitiu que outros pontos do tratamento em saúde mental pudessem vir à tona, tornando o debate mais democrático e plural. Sem os investimentos dessas empresas, sem grandes novidades na farmacologia, os encontros voltam a debater as psicoterapias, o contexto sociocultural, a neuroplasticidade, as questões político-filosóficas envolvidas na nossa prática diária, etc. Psiquiatria é muito mais do que prescrever remédios”.
Para Luiz Fernando, as parcerias também envolvem diferentes visões de tratamentos e de políticas públicas. “Essas parcerias também devem estar afinadas entre as diferentes possibilidades de abordagem. Por exemplo, não é mais possível encarar os modelos de tratamento, como a internação, o hospital dia ou o ambulatório, como propostas antagonistas. Ao contrário, essas são ações complementares e devem dialogar entre em si, adequando-se à necessidade específica de cada paciente. Isso passa por políticas de saúde pública, pela forma como se enxerga o paciente com transtorno mental e de como se divulga informações sobre o tema. Na Holiste, já integramos essas terapêuticas há muito tempo, disponibilizando mais possibilidades de abordagem ao nosso paciente, o que nos permite dizer que estamos alinhados com as melhores práticas do segmento”.
NEUROESTIMULAÇÃO SEM PRECONCEITO
Outro ponto destacado pelo psiquiatra foi o encontro da International Society of ECT and Neuroestimulation (ISEN), que trouxe as novidades no campo da neuroestimulação. Foram abordadas novas técnicas de eletroconvulsoterapia, ainda em fase experimental, colocando a prática novamente no centro dos debates no segmento.
Os especialistas se dedicaram a debater dois pontos importantes do procedimento: como reduzir as alterações de memória que podem ocorrer no tratamento e prevenir as recaídas. Para o psiquiatra, o debate em torno desses pontos reafirma a importância da eletroconvulsoterapia no tratamento dos transtornos mentais. “É interessante que as pesquisas relacionadas à eletroconvulsoterapia continuem acontecendo e ocupando lugar de destaque no tratamento dos transtornos mentais. Novas técnicas de aplicação estão sendo desenvolvidas, soluções para aumentar sua eficácia e reduzir seus efeitos colaterais. A terapia de eletrochoque é uma importante ferramenta terapêutica, ajudando a salvar vidas de pacientes que não podem fazer uso ou que não respondem ao tratamento medicamentoso, tendo grande eficácia no tratamento da depressão maior” – finaliza o psiquiatra.