Dr. André Gordilho participou do Metrópole Saúde, onde falou sobre a depressão refratária e o uso da Estimulação Magnética Transcraniana Profunda (EMT) no tratamento da depressão.
O QUE É A DEPRESSÃO
A Depressão é uma doença psiquiátrica que causa transtornos emocionais e físicos. A depressão maior, como também é conhecida, apresenta um conjunto de sinais e sintomas específicos que a caracterizam como uma patologia. Ela possui um início, um modo de evolução e um tratamento específico.
O termo depressão muitas vezes é mal utilizado no nosso dia-a-dia, como se fosse um sinônimo de tristeza. Dr. Gordilho deixa claro que a tristeza não é o único sintoma da depressão: “Tristeza é uma emoção normal que todos nós vivenciamos, depressão é uma patologia, uma doença que tem modo especifico de começar e que pode evoluir negativamente, se não tratada. A tristeza também não é o único sintoma da depressão. A doença apresenta diminuição do prazer, insônia, choro fácil, irritabilidade, perda de apetite, descuido da higiene, ideação suicida. São vários sintomas associados que, caso se mantenham por um tempo especifico, vão caracterizar um quadro depressivo”.
Além disso, faz parte da vida passar por situações tristes: “A tristeza é uma reação esperada em episódios como termino de relacionamento, a perda de um ente ou a perda de emprego. Mas quando esse luto se prolonga para além do esperado, a tristeza se torna crónica. Perde-se o prazer nas atividades do dia-a-dia, não tem mais energia e isso se perdura por semanas. Aí já tem alguma coisa errada. Fatores normais podem ser um estopim para um quadro patológico. Você pode ter a predisposição e a perda de um emprego, por exemplo”, esclarece o psiquiatra.
DEPRESSÃO REFRATÁRIA
A depressão pode ser leve, moderada, grave e grave com sintomas psicóticos. Existem também alguns casos onde pacientes depressivos apresentam uma certa resistência aos psicofármacos, o que é conhecido como Depressão Refratária.“Alguns pacientes que são tratados e não respondem adequadamente aos tratamentos, ou seja, você entra com antidepressivo, paciente não melhora, você associa com outra medicação, psicoterapia e o paciente continua sintomático, a gente costuma dizer que essa é uma depressão refratária, que ela não é responsiva aos tratamentos habituais”, explica o psiquiatra.
TRATAMENTO PARA DEPRESSÃO
O tratamento da depressão geralmente é feito associando medicação com psicoterapias. Entretanto, as terapias de neuroestimulação também apresentam resultados muito eficazes, fazendo com que seu uso ganhe cada vez mais espaço nos planos terapêuticos dos pacientes.
As principais terapias de neuroetimulação utilizadas no tratamento da depressão são a tradicional ECT (Eletroconvulsoterapia) e a EMT (Estimulação Magnética Transcraniana).
ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA (EMT)
“A Estimulação Magnética Transcraniana é a indução de um campo magnético em uma área especifica do cérebro, que permite que você module o funcionamento neuronal neste local que está sendo estimulado. É um método não invasivo e indolor, onde o paciente faz confortavelmente sentado em uma poltrona, com sessões que duram em torno de 30 minutos. O tratamento dura algumas sessões, a depender de cada caso”, explica o psiquiatra.
A principal indicação do EMT é a depressão em todos os seus níveis – leves, moderadas ou graves – mas, em geral, é mais praticado em casos moderados-graves ou refratários. “Muitos pacientes têm hipersensibilidade para remédios ou algumas pessoas não se dão bem com associações de medicações. Esses pacientes tendem a ter uma resposta mais rápida com o tratamento da EMT”.
Alguns estudos começam a apontar efeitos positivos em doenças demenciais e mal de Parkinson, e existe indicações para o tratamento das dores crônicas, fibromialgia e dores neuropáticas. “Tudo depende da área que será estimulada ou inibida. Se o estimulo acontece na área motora, isso tende a ter um efeito analgésico, que ajuda pacientes com fibromialgia”.
Dr. Gordilho realiza o tratamento de EMT em Salvador desde 2010, utilizando a EMT repetitiva e, recentemente, passou a trabalhar com a EMT profunda. Trata-se de um tratamento mais recente, que consegue atingir camadas mais profundas do cérebro: “Inicialmente existia o EMT repetitivo, no qual o campo magnético atinge apenas o córtex cerebral de maneira superficial (em torno de 2cm dentro do crânio). O EMT profundo é um método mais recente, que faz uso de uma bobina diferente, que permite que o estimulo magnético chegue mais fundo (em torno de 7 cm dentro do crânio), atingindo estruturas que o EMT repetitivo não atinge diretamente, como o sistema límbico, um dos responsáveis pela regulação do humor”.
Confira a entrevista completa: