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O estresse no ambiente de trabalho

estresse no ambiente de trabalho

No Mês de Qualidade de Vida do Servidor, o TRT-BA abordou o tema “O estresse no ambiente de trabalho”. Representando a Holiste, a psiquiatra Paula Dione e o psicólogo Cláudio Melo palestraram sobre o tema.

 

ESTRESSE: UM MAL DA VIDA MODERNA?

Ao contrário do que pensa grande parte das pessoas, o estresse não é algo que surgiu com os hábitos de vida modernos. Ao contrário, o estado de estresse é um mecanismo fisiológico muito importante nos momentos onde necessitamos de uma rápida resposta do corpo, como situações de perigo ou qualquer necessidade de defesa. Quando estamos expostos a um forte estresse, como em situações onde somos ameaçados por algo, o nosso corpo aumenta nossa frequência respiratória, nossa frequência cardíaca, a produção de adrenalina, a vascularização dos músculos e outros mecanismos que possibilitem uma rápida resposta do corpo quando for o mesmo for acionado, incluindo a capacidade do cérebro em resolver problemas.
Assim, podemos dizer que o estresse foi de fundamental importância inclusive para a perpetuação de nossa espécie, em tempos onde enfrentávamos os perigos constantes da natureza selvagem. Acontece que os hábitos de vida mudaram, já não vivemos mais na selva ou expostos à natureza, e todas essas reações liberadas pelo estresse acabam se acumulando no organismo e gerando um estado de fadiga mental e física, o que atualmente é chamado de estresse patológico.
É importante ter em mente que o estresse só pode ser considerado patológico quando ele ultrapassa a barreira do que é gerenciável, quando o indivíduo já não consegue pensar lucidamente sob pressão, não consegue rir e descontrair em ambientes relacionados ao seu estresse, começa a apresentar algumas doenças autoimunes e sobretudo a apresentar quadros mais sérios de ansiedade” – afirma Paula.

 

FATORES DESENCADEADORES E SINTOMAS

Como dito acima, o estresse patológico acontece apenas nos casos onde o indivíduo já não consegue administrar a situação, que ultrapassa sua capacidade de adaptação às adversidades. Portanto, as demandas comuns do dia-a-dia laboral dificilmente causariam casos de estresse patológico; estes geralmente estão relacionados a cargas de trabalho demasiadas, relações humanas desgastadas, redução da autonomia no cumprimento das funções, ausência de reconhecimento e valorização profissional, duplas jornadas de trabalho, atividades que envolvem periculosidade e até mesmo remuneração não compatível à atividade desenvolvida.
Estes fatores vão desenvolver alguns sintomas que demonstram que a relação do indivíduo com o trabalho não vai bem. Alguns sintomas físicos são: taquicardia, tensão muscular, insônia, ranger de dentes, respiração ofegante, boca seca, problemas estomacais, mãos e pés frios, elevação da pressão arterial, doenças dermatológicas, tonturas, náuseas, disfunções sexuais, tiques e um eterno cansaço físico. Além desses, existem os sintomas psicológicos: sensibilidade emotiva excessiva, apatia, irritabilidade, angústia, ansiedade, pesadelos, baixa autoestima e um esgotamento psicológico que, muitas vezes, o incapacita de desenvolver suas atividades normalmente” – explica a psiquiatra.

 

SÍNDROME DE BURNOUT

Quando o estresse no ambiente de trabalho chega a níveis insuportáveis, ao ponto de incapacitar o indivíduo de desenvolver suas atividades laborais, há o risco de se ter um quadro de Síndrome de Burnout. Como o próprio nome diz, Burnout significa esgotamento, algo que deixa de funcionar por uma exaustão de energia.
Para o psicólogo Cláudio Melo, a melhor forma de se evitar o Burnout é manter uma rotina bem organizada e equilibrada, alternando e respeitando os momentos de trabalho, lazer e descanso, sem abusar de nenhum deles.
“No Burnout a pessoa fica imobilizada diante das tarefas rotineiras do trabalho, ela literalmente “para de funcionar”. Esse termo vem emprestado da engenharia, tradicionalmente utilizado para designar peças que deixam de funcionar depois de um uso estressante de seus componentes. O importante é salientar que no Burnout, ao contrário do estresse, não há gradação de níveis, a pessoa simplesmente colapsa. Pessoas que só pensam em trabalho, que levam trabalho para casa, que estão sempre resolvendo problemas laborais nos momentos de lazer, que acumulam períodos de férias ou que não respeitam seu horário de almoço e de pausas são os mais propensos a desenvolver o problema” – pontua Cláudio.

 

ANSIEDADE E ANGÚSTIA

Há, ainda, os transtornos de ansiedade e angústia relacionados ao ambiente laboral. Apesar de apresentarem sintomas parecidos, existe uma diferença fundamental entre os dois: na ansiedade, o indivíduo reage à existência de um problema real, um objeto que desencadeia sua angústia. Pode ser a mudança de uma meta, a transferência para outro setor, etc.; na angústia não existe um objeto aparente que cause o sofrimento psíquico, o indivíduo apenas apresenta sintomas (a maioria físicos) relacionados ao seu ambiente de trabalho.
Nos dois casos, é importante que o indivíduo tente detectar a real causa daquele sofrimento, para poder tratá-lo da forma correta: “Os sintomas, em si, são muito similares. É preciso identificar o que está causando esses afetos e agir sobre a causa do problema. No caso das angustias, onde o gatilho pode não estar claro, é importante que a pessoa adote hábitos que desviem sua atenção das atividades laborais: praticar esportes, realizar atividades de lazer, praticar atividades de relaxamento e tudo aquilo que possa atenuar o desgaste diário. Em todos os casos de grande sofrimento, a ajuda de um especialista é essencial” – finaliza o psicólogo.

 

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