Muito se ouve falar que a dependência, seja química ou comportamental, é uma patologia que adoece não apenas o adicto, mas também a família. Se as relações familiares e pessoais ficam tão afetadas quando ocorre um caso de dependência, é fundamental destacar o papel que essa estrutura tem no tratamento do paciente.
“Qual o papel da família no tratamento?” foi o tema da palestra do psicólogo Pablo Sauce, coordenador do Programa de Dependência Química da Holiste, durante o Encontros Holiste.
“Será que o papel da família é de público, que assiste a uma cena, ou de figurante, aquele que compõe a cena, mas não tem importância nela? Seria de coadjuvante, que possui papel, mas é secundário, ou co-protagonista, que tem o mesmo peso do protagonista? Eu diria que pode ser todos eles, a depender da circunstância e do momento, mas a função da família, o tempo todo, é de parceria no tratamento”, destacou o psicólogo.
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Angústia e relacionamento
Quando o adicto está fazendo uso da substância ou comportamento que lhe causa dependência, ele não consegue dar espaço a outros pensamentos e sentimentos que não estejam associados aquele consumo. Então os vínculos ou as relações ficam reduzidas a um instrumento para a obtenção daquele prazer.
“A família encarna o impedimento à satisfação ou aquela que concede ou financia. Os familiares muitas vezes ficam reféns da dependência. Ou viram um apoio ou viram um obstáculo, mas se reduzem a esse objetivo. Porém, muitas vezes, é a partir da família que vem a iniciativa de assumir que existe um problema ali. A procura pelo tratamento seguidamente parte dos familiares. Através do convívio, eles começam a sentir e a sofrer com a dependência antes do próprio paciente”, comentou Pablo Sauce.
Buscando ajuda
Quase na totalidade dos casos, o recurso da internação é acionado quando já se perdeu o controle da situação e a família já não sabe como lidar com o dependente e com os problemas que muitas vezes vêm relacionados, como dívidas, brigas, e outros.
“A internação é uma forma de proporcionar a suspensão das decisões impulsivas do adicto e do familiar. É um lapso de tempo no qual se suspendem as decisões para poder se decidir a situação, ganhar distância e tempo para avaliar caso a caso e orientar as decisões de como encaminhar a resolução das pendências que se criam no processo, e também é o momento no qual a família coloca condições para o futuro”, sublinhou o psicólogo.
Ele destaca que é importante que a família abandone uma posição protetiva do paciente, para que ele possa responder por aquilo que faz. Não se trata de punir, pois isso não tem efeito positivo, mas entender como fazer para que a pessoa se responsabilize pelas consequências de seus atos.
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