Em evento que reuniu diversos profissionais da Saúde Mental baiana, a Holiste lançou sua nova Residência Terapêutica para pacientes crônicos, localizada no bairro do Rio Vermelho.
Na última quinta-feira, aconteceu o coquetel de lançamento da nova Residência Terapêutica da Holiste. Localizada no tradicional bairro do Rio Vermelho, a nova casa veio coroar o sucesso do projeto terapêutico da RT da Pituba, que acaba de completar cinco anos. Os convidados puderam conferir, em primeira mão, todos os detalhes da nova casa, pensada para acolher e promover o desenvolvimento de seus moradores.
Com a arquitetura de exteriores projetada por Eduardo Brandão, a casa conta com ambientes amplos e iluminados. A decoração leva a assinatura da arquiteta Andrea Tombo, uma proposta ao mesmo tempo moderna e aconchegante, cujo objetivo é possibilitar que cada morador consiga se adaptar à nova morada e, aos poucos, imprimir sua própria personalidade nos ambientes.
“Por mais que a casa esteja reformada e decorada, ela não está pronta. Ainda falta… Ela só estará pronta quando cada morador possa dar o seu toque, aparecer com o seu desejo, com seus gostos e, mais importante, com a sua palavra.” – afirmou Caroline Severo, psicóloga e Coordenadora da RT.
UM LAR DE POSSIBILIDADES
O tratamento de pacientes psiquiátricos crônicos é algo desafiador, pois implica em reconstruir, junto com cada um, a cidadania que foi perdida em anos de agravamento do quadro de seus respectivos transtornos.
“Essas pessoas que já não se autorizavam a ter direitos, deveres e desejos enquanto cidadãos. Suas relações afetivas desencontradas, frágeis e afastadas por anos de doença impossibilitava o estabelecimento de uma convivência saudável, tanto para o paciente quanto para os familiares.” – explicou Isabel Castelo Branco, acompanhante terapêutica e também Coordenadora da RT.
A ideia, segundo a especialista, é fazer com que o indivíduo reapareça na expressão de sua singularidade, e não apenas o seu transtorno e sintomas. Não é tarefa fácil, e todos que trabalham no projeto precisam se tornar, de certa forma, agentes transformadores desse cuidado.
“A mudança de status de paciente com diagnóstico para morador requer sutilezas nas intervenções desde os elementares cuidados básicos à reintegração da sua funcionalidade, seja o retorno a antigos projetos de vida ou a construção de novos.” – pontua.
UMA NOVA CASA, UM NOVO TERRITÓRIO
Outra parte importante de uma RT é o seu entorno. O trabalho de ressocialização do paciente crônico depende muito da oferta de equipamentos urbanos que estarão à sua disposição. O que para muitas pessoas é uma tarefa banal e corriqueira, como ir numa padaria ou numa farmácia, para esses indivíduos pode representar um grande desafio. Por isso, a possibilidade de fazer uso do que existe no entorno faz parte do processo terapêutico e do restabelecimento da autonomia desses indivíduos.
“Depois de uma longa busca, escolhemos essa casa por contemplar pilares importantes do nosso projeto. Sua localização em um bairro residencial e com um território vasto de ofertas, viabiliza a relação do morador com o mundo, seja para estudar, passear na praça, contemplar o mar, frequentar o salão de beleza, tirar foto com Jorge Amado e Zélia Gattai ou comer um acarajé em Dinha, como todo bom baiano.” – diz Caroline.
“O nosso maior desafio é olhar para além dos muros da casa e fazer circular as ações que ressignificam o seu estar no mundo. O tratamento não cronifica, não aprisiona, ele liberta o indivíduo para vida.” – complementa Isabel.
Confira as fotos do evento: