Entenda como a internação psiquiátrica é fundamental no tratamento de transtornos mentais graves.
Embora possa representar um evento traumático para o paciente e sua família, a internação psiquiátrica é um procedimento eficaz e necessário para conter os sintomas nocivos dos transtornos mentais graves.
Casos que envolvem agressões físicas, automutilações, tentativas de suicídio, depredação do patrimônio familiar, catatonia, comportamentos sexuais extravagantes e de alto risco, sintomas psicóticos graves e qualquer tipo de ameaça à integridade física e social do paciente (ou mesmo de terceiros) demandam uma intervenção terapêutica mais contundente, como a internação.
Abaixo, detalhamos como se estrutura uma internação psiquiátrica.
Estabilização do quadro
A primeira função da internação, e talvez a principal, é estabilizar o quadro do paciente no momento do surto. Nessa condição, o paciente precisa do monitoramento de uma equipe especializada em saúde mental, 24h por dia, para que sua integridade física seja preservada e ele possa recobrar, aos poucos, sua estabilidade psíquica.
Dentro do ambiente terapêutico, o paciente está protegido dos riscos aos quais poderia estar exposto fora da instituição. Além disso, o trabalho da equipe multidisciplinar garante que ele receba suas medicações no horário correto, participe das atividades terapêuticas e realize todas as atividades de rotina, como cuidados com a higiene e alimentação, comumente negligenciadas por pacientes com transtornos mentais graves.
Envolvimento da família
A participação da família no processo da internação psiquiátrica é imprescindível para a recuperação do paciente. Na Holiste, as visitas familiares são obrigatórias e diárias, salvo em situações onde o relacionamento familiar está estremecido pela doença, necessitando de algumas intervenções com o psicólogo de referência para que esse laço seja reconstruído.
Muitas vezes a família se sente culpada por ter internado um de seus integrantes. Por isso, a equipe também trabalha com os familiares para que percebam a internação como um ato de cuidado, e não uma punição. É preciso ter em mente que a internação é um meio para libertar o paciente daquilo que realmente lhe faz mal: o transtorno mental.
Por fim, é necessário preparar essa família para o momento de alta, para que ela possa receber seu familiar em um ambiente propício para sua ressocialização, facilitando sua integração sociofamiliar e a retomada de sua autonomia.
Estratégias de prevenção de recaídas
Os transtornos mentais são causados por uma relação entre fatores biológicos e psicossociais. Na grande maioria dos casos, a pessoa já carrega uma predisposição genética a desenvolver determinado transtorno, que é acionada por alguma situação gatilho de sua realidade psicossocial.
A convivência intensiva entre o paciente e a equipe multidisciplinar, durante a internação, permite que esses gatilhos sejam revelados com maior facilidade e, a partir disso, estratégias de prevenção sejam traçadas junto com o paciente e sua família. Saber identificar os gatilhos e evitá-los é fundamental para a prevenção de novas crises, que com o passar dos anos podem causar a cronicidade do transtorno.