Transtorno mental é sinônimo de loucura.
MITO: quem tem um transtorno mental tem uma doença psiquiátrica. A pessoa não é louca, nem fraca, mas está doente e precisa de tratamento. “É necessário entender que o transtorno mental é uma doença como outra qualquer como diabetes, por exemplo. É necessário buscar tratamento para que os sintomas sejam controlados e, assim, a pessoa possa levar uma vida normal”, explica a psicóloga Ana Cristina Fraia, coordenadora terapêutica da Clínica Maia Prime.
Ter um transtorno mental é sinal de fraqueza.
MITO: ter um transtorno mental nem é sinal de fraqueza, nem de falha de caráter, mas, sim, um conjunto de fatores internos e externos. “Ter um transtorno mental é uma somatória de predisposição genética, alterações clínicas e ambientais ao longo da infância, eventos estressores atuais ou prévios e alterações químicas cerebrais”, explica Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (Ipq/HCFMUSP) e do Hospital Universitário da USP.
Pessoas com transtorno bipolar não conseguem ter uma vida normal.
MITO: atualmente, existem tratamentos – que envolvem medicação e acompanhamento psiquiátrico – que permitem que a pessoa leve a vida normalmente. “Os transtornos do Espectro Bipolar são doenças; porém, quando adequadamente investigadas, diagnosticadas e tratadas, o paciente pode levar vida normal, em todos os sentidos”, afirma Pedro Katz, psiquiatra do Hospital Samaritano de São Paulo.
Depressão é genética.
PARCIALMENTE VERDADE: depressão, assim como a maioria dos quadros psiquiátricos, possui sim um componente genético. Estudos apontam que parentes de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo apresentam duas a três vezes mais chances de terem um quadro depressivo do que a população geral. “Mas apesar de haver esse componente genético, existem outros fatores que contribuem para o desenvolvimento ou não do quadro de depressão como eventos da primeira infância, estrutura familiar, algumas doenças clínicas e presença de estressores ambientais, entre outros”, ressalta Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Ipq/HCFMUSP e do Hospital Universitário da USP.
Se eu tenho que ir a um psiquiatra, meu caso deve ser muito grave.
MITO: “A psiquiatria é a especialidade médica que diagnostica e trata casos de sofrimento emocional intenso e alterações comportamentais – às vezes muito sutis – que prejudicam a vida social, profissional, sentimental e familiar do indivíduo”, aponta Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Ipq/HCFMUSP e do Hospital Universitário da USP. Ou seja, o caso não precisa ser grave para se procurar um psiquiatra – aliás, deve-se buscar ajuda profissional justamente para o quadro não se agravar.
Depressão e tristeza são a mesma coisa.
MITO: tristeza e depressão não são a mesma coisa. Tristeza é um sentimento que todos nós sentimos em situações difíceis como a perda de alguém querido. “Já o transtorno depressivo é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas que, além do sentimento de tristeza, engloba sintomas cognitivos (alterações de memória e concentração), alterações de funções vitais como sono e apetite, diminuição da capacidade de sentir prazer e da motivação para se envolver em diversas atividades e pode, em alguns casos, levar o indivíduo a apresentar pensamentos relacionados à própria morte”, explica Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Ipq/HCFMUSP.
Abusar de álcool e drogas pode causar transtornos mentais.
VERDADE: álcool e drogas possuem substâncias que alteram o funcionamento do sistema nervoso central. Dependendo da quantidade, da frequência e também do histórico da pessoa, esse consumo pode se tornar crônico e desencadear a dependência química assim como transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar de humor e até esquizofrenia. “Hoje em dia existe um alto índice indicativo da relação do uso da maconha com sintomas psicóticos e esquizofrenia. O alcoolista geralmente tem uma depressão de base ou a depressão é desenvolvida pelo álcool. Usuários de drogas como maconha e cocaína costumam apresentar transtorno bipolar de humor e, muitas vezes, sintomas psicóticos como delírios persecutórios e alucinações visuais e auditivas”, aponta a psicóloga Ana Cristina Fraia, coordenadora terapêutica da Clínica Maia Prime.
Os medicamentos psiquiátricos viciam.
MITO: medicamentos psiquiátricos evoluíram muito ao longo dos anos. Atualmente, existem medicamentos muito eficientes, que não viciam e não deixam a pessoa “dopada” – e mais ainda: podem fazer uma grande diferença na qualidade de vida. “A maioria das medicações psiquiátricas, principalmente as mais recentes, causa poucos efeitos colaterais e, normalmente, os tratamentos se dão por períodos determinados com o objetivo sempre de manter o indivíduo bem a longo prazo sem utilizar medicações ou com uso de doses muito baixas”, afirma Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital Universitário da USP.
Quem tem síndrome do pânico não sai de casa.
MITO: “A síndrome do pânico é caracterizada pelo ‘medo de ter medo’, que pode ser tão intenso e gerar tanta ansiedade a ponto de fazer com que a pessoa tome medidas defensivas para se proteger destas ‘ameaças'”, explica Pedro Katz, psiquiatra do Hospital Samaritano de São Paulo. Desta forma, algumas vezes essas pessoas só se sentem seguras saindo acompanhados, ou não saindo. Mas isso não quer dizer que todos que tenham síndrome do pânico permaneçam fechads em casa. E, com o tratamento adequado, esse quadro pode ser revertido.
A ansiedade excessiva pode ser um transtorno mental.
VERDADE: ansiedade pode ser um transtorno mental e existem quadros em que ela chega a níveis tão altos que gera prejuízos à pessoa, como é o caso do transtorno de ansiedade generalizada, que pode causar um esgotamento na saúde física e mental. “Nesse caso, o acompanhamento médico é necessário para a realização do diagnóstico precoce e do tratamento”, aponta Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Ipq/HCFMUSP e do Hospital Universitário da USP.
Pânico e medo são a mesma coisa.
MITO: medo é uma reação natural do organismo frente a alguma coisa ou alguma situação potencialmente ameaçadora. Ele está intimamente ligado ao instinto de sobrevivência, pois é uma reação natural de autopreservação. Já no caso dos ataques de pânico que caracterizam a Síndrome do Pânico, esse medo é tão intenso que pode chegar a sair do controle, e pode ser causado por motivos plausíveis ou não? O pânico é muito mais intenso, é um medo incontrolável que causa muito sofrimento, podendo desencadear fobias de verdade. E essas crises acontecem rapidamente, a ponto da crise atingir o ápice em menos de dez minutos: em um momento o paciente está se sentindo bem e no outro é tomado inexplicavelmente pelo pânico, com sensação de boca seca, tremores, taquicardia, falta de ar, sufocamento, tonturas e a percepção de que algo trágico pode acontecer repentinamente?, explica a psicóloga Ana Cristina Fraia, coordenadora terapêutica da Clínica Maia Prime.
Pessoas com manias têm transtorno obsessivo-compulsivo.
MITO: TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) é caracterizado pela presença de “obsessões”, que são pensamentos do próprio indivíduo, que “entram em sua cabeça”, contra a sua vontade, e causam grande sofrimento e ansiedade. “Esses pensamentos geram muito sofrimento e atrapalham o cotidiano de quem sofre desse transtorno. Mais uma vez, a avaliação de um profissional de saúde mental é essencial para realizar essa diferenciação”, afirma Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
Mau humor e ansiedade podem ser sintomas de transtornos mentais.
VERDADE: porém, é preciso atentar que os transtornos mentais são síndromes, ou seja, um conjunto de vários sintomas. “Assim, não basta uma pessoa apresentar momentos de ansiedade, irritação e mau humor para ser diagnosticada com um transtorno mental – que são sentimentos comuns ao longo da vida. Esses sentimentos têm que ser frequentes e, para realizar a avaliação se existe ou não um transtorno mental, vale a pena consultar um especialista”, explica Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
FONTE – Uol