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NOTÍCIAS - Descobertos dois novos genes ligados ao transtorno bipolar

MANNHEIM – Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Transtorno Bipolar de Humor (TBH) é a sexta causa de incapacidade no mundo e a terceira entre as doenças mentais, após a depressão e a esquizofrenia. No entanto, os fatores que o desencadeiam ainda não são totalmente compreendidos. Cientistas já haviam sugerido que, além de gatilhos psicossociais, a genética também desempenhava um grande papel, e uma nova pesquisa acaba de confirmar: cinco genes estão ligados ao transtorno.

Mudanças extremas de humor, que variam de fases maníacas com delírios de grandeza, aumento do desejo e uma diminuição da necessidade de sono, bem como episódios depressivos com pensamentos suicidas. Essas são as características principais da bipolaridade, também conhecida como transtorno maníaco-depressivo, que atinge 1% da população mundial.

Para estudar os fatores genéticos que exercem influência na doença, cientistas do Hospital da Universidade de Bonn, do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim, ambos na Alemanha, e do Hospital da Universidade de Basel, na Suíça, em conjunto com uma colaboração internacional, realizaram uma pesquisa em escala única no mundo, com 24 mil pessoas.

Eles descobriram duas novas regiões genéticas que estão relacionadas ao transtorno. Além disso, confirmaram três genes que já eram apontados no desenvolvimento da doença. Os resultados foram publicados na revista científica “Nature Communications“.

– Não existe um gene que tem um efeito significativo sobre o desenvolvimento do transtorno bipolar – afirmou Markus M. Nöthen, diretor do Instituto de Genética Humana do Hospital da Universidade de Bonn. – Muitos genes diferentes são evidentemente envolvidos e estes genes trabalham em conjunto com fatores ambientais de uma forma complexa.

Maior pesquisa do mundo

Nos últimos anos, os cientistas do Instituto de Genética Humana já estavam buscavam decodificar vários genes associados ao TBH. Marcella Rietschel, do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim, Sven Cichon, do Hospital da Universidade de Basel, além de Nöthen, foram os líderes da nova pesquisa, que avaliou dados genéticos de 2.266 pacientes com doença maníaco-depressiva e 5.028 pessoas de controle – aquelas saudáveis utilizadas para comparação. Eles juntaram os novos dados com os de 9.747 pacientes e 14.278 pessoas saudáveis​​ avaliadas em pesquisas anteriores.

– A investigação das bases genéticas do transtorno bipolar nessa escala é única em todo o mundo até hoje – comemorou Marcella.

Segundo Cichon, a busca pelos genes envolvidos no TBH é como procurar uma agulha num palheiro:

– As contribuições de genes individuais são tão pequenas que normalmente não podem ser identificadas em um ‘pano de fundo’ das diferenças genéticas.

O pesquisador ressaltou que somente quando o DNA de um grande número de pacientes com transtorno bipolar são comparados com o material genético de um número igualmente grande de pessoas saudáveis é que as estatísticas podem ser confirmadas.

As regiões suspeitas que indicam a doença são conhecidas pelos cientistas como genes candidatos. No novo estudo, os pesquisadores utilizaram um método de análise automatizado, registrando 2,3 milhões de diferentes regiões no material genético dos pacientes e dos comparadores. A avaliação bioestatística dos dados mostrou um total de cinco regiões do DNA associadas ao transtorno bipolar.

Os genes candidatos “ANK3”, “ODZ4” e “TRANK1” já haviam sido descritos em estudos anteriores, no entanto, Nöthen afirma que “essas regiões de genes foram estatisticamente melhor confirmadas na investigação atual – a conexão com o transtorno bipolar agora tornou-se ainda mais clara”. As duas novas regiões identificadas foram o gene “ADCY2”, no cromossoma cinco, e o “MIR2113-POU3F2”, no cromossomo seis.

Gene associado com a transferência de sinal entre regiões pode ser a chave

Dentre os dois genes descobertos, os cientistas se concentram agora nas análises do “ADCY2”, que codifica uma enzima envolvida na condução de sinais dentro das células nervosas.

– Isso se encaixa muito bem com as observações de que a transferência de sinal em determinadas regiões do cérebro é prejudicada em pacientes com transtorno bipolar – explicou Nöthen, acrescentando que as descobertas ajudam a esclarecer as causas do transtorno. – Somente quando soubermos as bases biológicas da doença poderemos identificar pontos de partida para novas terapias.

O estudo está sendo financiado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), no âmbito do National Genome Research Network plus (NGFNplus).

FONTE – O Globo