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NOTÍCIAS - "Fazer dieta não é a melhor escolha", diz neurocientista

Publicado recentemente nos Estados Unidos, o livro Foodist — Using Real Food and Real Science to Lose Weight Without Dieting (Foodist — Usando comida e ciência de verdade para emagrecer sem fazer dieta, em tradução livre) é uma compilação de dicas para uma alimentação melhor. Na obra, a neurocientista Darya Pino Rose enxerga a dieta com o olhar do cérebro: ao ter prazer na refeição, o órgão emite sinais ao corpo de que precisa de menos para se saciar.

Daria mantém ainda o blog Summer Tomato, que foi eleito em 2011 pela revista Time como um dos 50 melhores do ano. Em sua página, a neurocientista compartilha com os leitores as descobertas que faz usando a ciência por trás das dietas. “Comecei a comer melhor e a me sentir mais disposta. Então, pensei: todo mundo precisa saber disso. E criei o blog”, diz.

Em entrevista ao site de VEJA, Darya conta como a ciência pode ajudar a tornar o processo de emagrecimento bem mais leve e prazeroso do que as dietas tradicionais.

Cientificamente falando, qual seria o problema dos regimes tradicionais? 

As dietas são restritivas, o que significa que dependem muito da força de vontade de cada um. A força de vontade, porém, é como um músculo: quando usada excessivamente, se cansa e falha. Além disso, ter restrições calóricas por muito tempo faz com que o metabolismo fique mais lento, o que dificulta a perda e facilita o ganho de peso. Se você quer estar bem e saudável sempre – o que eu acredito que a maioria de nós quer – então, definitivamente, seguir uma dieta não é a melhor escolha. É melhor investir na construção de hábitos que façam com que as escolhas saudáveis sejam automáticas.

Qual a função da neurociência na alimentação? 

A maioria das pessoas sabe, por exemplo, que um brócolis é mais saudável do que um cheesecake. Isso não é difícil de entender. O obstáculo maior é o que acontece na cabeça de cada pessoa na hora de decidir o que vai comer, ou se vai ou não para a academia. Aí entra a neurociência. Quando você diz a si mesmo que alguma comida está totalmente proibida, você praticamente se programa para, cedo ou tarde, se empanturrar daquilo. Então não se prive, mas tente minimizar as suas indulgências.

O nome do seu livro é Foodist. O que significa ser um foodist? 

Um foodist é uma pessoa que realmente se importa com a comida e com o prazer e a saúde que ela pode proporcionar. A comida é uma peça importante na interação com a comunidade e com as pessoas que você ama, por isso você deve gostar do que come. Acredito que essa seja a verdadeira chave para ter uma alimentação saudável: apreciar o que você está comendo.

De que forma isso é possível? Afinal, muitas das comidas que amamos e que nos trazem prazer não são nada saudáveis…

É uma questão de equilíbrio. O ideal é que você encontre mais comidas saudáveis que ame e considere deliciosas, para que na maioria das refeições possa optar por elas. Se fizer isso, uma ou duas vezes por semana você pode comer também o que adora, mas não é saudável.

Ao comer apenas o que amamos, não existe o risco de acabarmos desenvolvendo algum tipo de deficiência alimentar?

Não. A ideia é que se inclua o maior número possível de tipos de comidas. Para isso, a pessoa precisa experimentar diferentes tipos de um mesmo alimento, por exemplo, comer couve roxa em vez de couve crespa, se ela não gosta da crespa. É importante também que ela tente diferentes jeitos de cozinhar esse alimento, para descobrir novas preferências. Pesquisas mostram que tentar comer várias vezes o mesmo alimento é o melhor jeito de parar de ter aversão a ele. O principal aspecto que causa o estranhamento, seja textura ou gosto, acaba se tornando familiar. Se você não gosta de beterraba, por exemplo, talvez aprenda a gostar depois de provar umas dez vezes, dando apenas uma mordida por vez. Mas isso nunca vai acontecer se você só experimentar uma vez e desistir.

Quando você passou a se interessar por saúde e alimentação? 

Com 11 anos, comecei a me interessar por dietas e comecei a testar todas. Não por interesse em saúde ou algo do tipo, mas porque queria ficar bem usando biquíni. Na faculdade, entrei em forma porque comecei a correr. Mas, ainda assim, queria emagrecer mais. O problema é que eu estava cansada das dietas que seguia, queria coisas novas. Foi aí que comecei a ler sobre a ciência das dietas e da nutrição, e acabei percebendo que ser saudável é o melhor jeito de entrar em forma.

Você já enfrentou problemas com alimentação? 

Nunca fui obesa, nem anoréxica ou bulímica. Nada do tipo. Mas posso dizer que a minha relação com a comida não era nada saudável. Eu estava sempre seguindo dietas e me privando de vários alimentos. Emagreci quase 11 quilos desde que comecei a me interessar pela ciência por trás das dietas, e isso fez uma enorme diferença — tenho uma estatura pequena e esses quilos extras estavam sobrando.

Qual sua opinião sobre dietas que prometem resultados milagrosos?

Acho muito triste, de verdade. Muitas mulheres crescem achando que para ficarem bonitas precisam seguir essas dietas. Mas comer assim é um sacrifício enorme, cheio de restrições e privações. Há estudos mostrando que esses regimes funcionam apenas por um curto período de tempo.

FONTE –Revista Veja