O desgaste mental e físico, os riscos da profissão, tudo potencializa os níveis de estresse dos policiais militares. O retrato desta situação se evidencia nos dados divulgados pela Polícia Militar da Bahia: nos últimos dois anos, 162 policiais militares foram diagnosticados com alguma doença mental. Alguns estudos ainda revelam que, comparada com outras profissões, a atividade policial é a décima primeira no número de incidências de doenças do coração, diabetes, insônia, suicídio e outras relacionadas ao estresse.
Segundo o psiquiatra André Gordilho, o risco que estes policias oferecem, caso não se tratem adequadamente, é mais grave pelo fato deles portarem armas de fogo. “A atividade policial é de extremo estresse, principalmente quem trabalha na rua, em blitz ou abordagem. O Policial Militar é um ser humano como outro qualquer e por isso está sujeito ao mesmo problema que outro cidadão. A diferença é que ele usa arma de fogo, sendo assim há uma necessidade de um cuidado maior, pois se ele está com problemas psicológicos o risco pode ser maior”.
O medico aponta, ainda, para a existência de patologias transitórias e crônicas, com possibilidade de tratamento para ambas, nas quais o indivíduo pode continuar exercendo suas funções laborais.
“Algumas patologias são transitórias e portador se trata e volta a atividade normal. Outras são crônicas. As crônicas, no entanto, não tiram a capacidade de julgamento, de critica da pessoa. O portador deve manter um acompanhamento periódico. Mas há casos e caso, não é prudente, por exemplo, permitir um policial que sofre de transtorno bipolar ou esquizofrenia, continue trabalhando com arma de fogo. Seria mais prudente colocá-lo para realizar uma atividade administrativa, pois ele pode apresentar crise, oferecendo assim um risco a sociedade”, explica Gordilho.
A Polícia Militar da Bahia possui um serviço intitulado SEVAP (Serviço de Valorização Profissional) que dá suporte aos membros da corporação que sofrem com problemas como o alcoolismo, vício em outras drogas ou distúrbios psicológicos ou psiquiátricos de toda ordem, geralmente associados ao exercício da profissão.
Fonte: Tribuna da Bahia.