A depressão é um transtorno mental que afeta o humor psicológico de um indivíduo. Pode ser acometido por uma sensação de tristeza profunda, desânimo e desinteresse, podendo transformar as atividades laborais em algo cansativo e enfadonho.
Em entrevista ao programa Cheia de Assunto da TV CNT Bahia, o psiquiatra da Holiste, Luiz Guimarães, explicou sobre o que é depressão, qual a diferença entre tristeza e depressão, quem pode ter a doença e outros temas relacionados ao assunto.
Confira o vídeo da entrevista completa:
Depressão e tristeza: qual a diferença?
A depressão hoje é uma doença um pouco banalizada, pois muitos confundem um transtorno depressivo com tristeza, sendo que cada um tem sua particularidade, intensidade e possuem formas diferentes de afetar o dia a dia de uma pessoa. A tristeza geralmente tem um motivo claro para acontecer, ela costuma ser passageira e transitória. Na depressão o paciente não consegue lembrar o que motivou a angústia e ela é mais duradoura e os sintomas são mais intensos: insônia, falta de apetite, perda da libido, entre outros. “A gente tem que entender que a depressão é uma doença. A depressão é uma tristeza maior. É importante diferenciar tristeza e depressão. Tristeza é um sentimento normal, o que o diferencia da depressão é se esse indivíduo deixa de fazer suas atividades do dia a dia para ficar isolado, deixa de ir para o trabalho, deixa de lado as atividades de lazer etc., esse é o momento de dar atenção a esse indivíduo”, explica Guimarães.
Sintomas
Os sintomas da depressão podem ser caracterizados pela perda do interesse ou do prazer pelas coisas que habitualmente o indivíduo gostava de fazer, como por exemplo, jogar bola, ir à praia etc., e de repente a pessoa perde o interesse ou se vê forcado a fazê-lo. O indivíduo passa a ter um humor triste ou se sente mais triste que o normal na maior parte dos dias. Há também uma alteração do sono, pode ser para mais ou para menos, como insônia ou sono excessivo. A pessoa tem uma perda de energia mais facilmente. Alteração do apetite, seja para mais ou para menos, com isso a pessoa pode ter ganho ou perda de peso. Ela pode se sentir mais irritadiça do que o normal, assim como há uma diminuição do desejo sexual. Em sintomas de depressão profunda o indivíduo pode sentir vontade de tirar a própria vida.
Portanto, vale salientar que nem todo paciente vai ter os mesmos sintomas e na mesma intensidade, por isso é importante procurar um profissional capacitado para melhor assisti-lo.
Quem pode ter?
A depressão pode aparecer em qualquer pessoa independentemente de classe social, sexo e idade, inclusive a depressão pode surgir desde a infância. Algumas crianças que começam a ter comportamentos agressivos, perda do rendimento escolar, perda da vontade de brincar, e se tornam mais isoladas, são alguns dos sintomas que merecem a devida atenção.
Ainda assim, a depressão é mais comum em mulheres do que em homens, devido às oscilações hormonais do sexo feminino. Idosos também são mais propensos a esse problema, estima-se que 15% dos idosos brasileiros sofrem com esse mal. No idoso por exemplo, a queixa mais comum não é o humor triste, mas sintomas que afetam sua cognição. “Às vezes a família acha que o idoso está com alzheimer, trata o idoso, mas na verdade ele só estava com um problema cognitivo consequente a depressão”, esclarece o psiquiatra.
Doença do século
Há um índice muito grande de depressão no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 121 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo e o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking, o grande problema da depressão é que essa é uma doença que torna as pessoas disfuncionais. Isso, quando não se tem um desfecho fatal, que é o suicídio. O indivíduo pode se suicidar por várias causas, mas quando a pessoa está com depressão ela o faz para se livrar de uma dor, porque um dos sintomas da depressão é a pessoa perder a esperança em tudo, ela não consegue enxergar um futuro. “Às vezes as pessoas acham que a depressão tem que ter uma causa, um motivo, às vezes ela simplesmente surge do nada”, aponta o psiquiatra.
Tratamento
Uma forma de tratamento é a combinação da psicoterapia e medicamentos antidepressivos. Quando a principal causa da depressão são conflitos pessoais ou interpessoais ou ainda dificuldade em lidar com os problemas da vida, a psicoterapia demonstra melhores resultados.
Portanto, nem todo paciente que está deprimido vai necessariamente precisar de medicação. Às vezes com a psicoterapia, em casos mais leves, pode-se tratar a depressão. É importante saber que as medicações não causam dependência no paciente. As medicações psiquiátricas prescritas por um profissional não causam dependência, porque elas têm data de início e de término. “Algumas pessoas apresentam um único episódio depressivo na vida, tratam, param o tratamento, ficam bem e nunca mais vão ter aquilo. Outras não. Podem ter vários sintomas depressivos ao longo da vida e podem permanecer com o tratamento o tempo todo para poder ficar bem, então cada caso é um caso, portanto, é importante procurar um tratamento porque depressão é uma doença que mata. As pessoas às vezes banalizam, mas a depressão deixa as pessoas incapazes como qualquer outra doença”, conclui Guimarães.