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Perda de Memória: quando se torna um risco?

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Perda de Memória pode ser indício desde problemas neurológicos à distúrbios Psiquiátricos.

Esquecimentos são comuns a todos. Faz parte do nosso dia-a-dia eventualmente esquecer onde guardamos uma chave, ou da data de vencimento de uma conta. Sendo algo tão corriqueiro em nossas vidas, como identificar quando estes esquecimentos podem estar relacionados à um problema de saúde ?  Para tratar do tema, a psiquiatra Fabiana Nery, compareceu ao Programa CBN Saúde e Bem-Estar, explicando os principais sintomas, consequências e tratamentos da perda de memória patológica.

 

Alterações da Atenção X Perda de Memória

O primeiro ponto importante a ser esclarecido é saber diferenciar uma alteração da atenção de uma perda de memória: “Se você não está prestando atenção, ou concentrado, ou focado naquilo que você está fazendo, você não vai fixar. E se você não fixa, você não consegue evocar, ou seja: lembrar.(…) Então, às vezes não tem a ver com memória, tem a ver com atenção, com concentração” – analisa a psiquiatra.

Contudo, Dra. Fabiana frisa que eventos constantes de esquecimento, seja por um problema de atenção ou de memória, não devem ser ignorados: “É importante a gente perceber que alterações da memória, sim, podem ser um indicativo de diversas condições patológicas e não patológicas. Identificar qual o tipo de alteração de memória, ou às vezes de concentração e de atenção, é importante para fazer o diagnóstico diferencial e encaminhar ou não o indivíduo para o tratamento”.

Nos casos de pacientes portadores do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a especialista explica que a patologia não traz prejuízos à memória: “O paciente que tem TDAH pode apresentar uma dificuldade relacionada à memória, mas não causada pela alteração de memória, e sim porque ele tem uma dificuldade em focar a atenção dele em situações que geralmente são monótonas”.

 

Problema neurológico ou psiquiátrico?

A perda de memória pode se manifestar de várias formas, tendo diversas causas e consequências. As manifestações mais comuns e conhecidas do grande público remetem a quadros de Alzheimer e Demência Senil, mas Dra. Fabiana faz questão de esclarecer que, em muitos casos, os sintomas escondem um problema psiquiátrico: “Existem, por exemplo, as demências relacionadas a áreas específicas e neurológicas (Alzheimer, Demência Senil, Demência Vascular, etc.), mas a gente também tem quadros psiquiátricos que apresentam como sintomatologia uma alteração momentânea ou transitória da memória. Um caso interessante em relação a isso é o que se chama da “pseudodemência”, ou seja: na Depressão, no idoso principalmente, um dos principais sintomas pode ser a alteração da cognição, alteração da orientação, e isso pode ser aparentemente visto como demência e na verdade é um quadro depressivo, que quando tratado de forma adequada reverte totalmente aquele quadro de alteração de memória.

 

O uso de drogas e os danos à memória

Alguns estudos apontam que o uso excessivo de drogas pode causar prejuízo à memória, tanto por atrapalharem a capacidade do indivíduo manter o foco em determinada atividade, quanto por acarretarem em danos neurais: “A maconha, principalmente, porque é a droga mais consumida. Existe uma síndrome de prejuízo de memória já bem caracterizada em relação ao uso regular de maconha. Não quer dizer que qualquer pessoa que experimente vai ter, mas a gente sabe que o uso regular realmente pode diminuir a atenção, concentração e fixação das memórias. Então seria uma alteração específica da memória. Outras substâncias como o álcool também podem causar alterações. O uso regular e excessivo de álcool tem uma ação específica em relação aos neurônios, uma ação deletéria”.

Substâncias psicoativas em geral podem causar perda da memória recente durante o seu efeito, o que dificilmente deixa sequelas permanentes: “Durante uma intoxicação aguda por álcool você pode não lembrar absolutamente de nada do que você fez. É bem comum, principalmente nos jovens que fazem abuso pontual de bebidas alcoólicas. Mas além disso você pode ter alterações causadas por medicações, mas estas seriam alterações pontuais: você tem uma intoxicação por uma medicação, fica desorientado em geral, e durante esta desorientação a memória fica comprometida. Mas no momento em que você sai daquele quadro de intoxicação, sua memória está preservada”.

 

Tratamentos e prevenção

Se o problema de memória tiver uma causa psiquiátrica, após o diagnóstico deverá ser feito um tratamento específico. Em alguns casos, terapias ocupacionais, sessões de arteterapia e musicoterapia podem ser necessárias para a melhora do quadro.

Mas, para aquelas pessoas que preferem se prevenir, Dra. Fabiana dá algumas dicas de como exercitar o cérebro, o que ajuda a reduzir a probabilidade ou efeitos de uma perda de memória: “A memória é uma coisa que vai sendo construída. Tem estudos que demonstram que temos: a memória remota, que é aquela memória que você nunca vai esquecer (a rua que você morou na infância, o nome de seu melhor amigo, etc.); a de curto prazo, que é aquela memória de ontem, daquilo o que você fez ontem, do que comeu, etc.; e existe a memória de curtíssimo prazo, que é aquela memória que você usa quando precisa anotar um número, mas depois de cinco minutos você já esqueceu. O que a gente sabe é que, para que uma memória se torne remota, ou seja: que não vai ser mais esquecida, ela precisa de uma repetição de muitas vezes. (…) A qualidade do sono, a alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos têm um papel de prevenir e reduzir os risco de quadros demências de uma maneira geral. Fazer atividades como palavras-cruzadas é interessante porque fazem com que você busque conteúdos antigos na memória, exercitando-a”.

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