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Além dos protocolos: envelhecendo com saúde | Artigo André Gordilho

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Em artigo publicado no Jornal A Tarde, o psiquiatra André Gordilho discute a necessidade de um olhar mais abrangente quando falamos do desafio de envelhecer com saúde.

Leia o artigo completo.

 


O número de idosos está aumentando a cada dia. Segundo dados da OMS, a população mundial de idosos irá passar dos 841 milhões para 1,2 bilhões até 2025 e 2 bilhões em 2050.   No Brasil, estima-se que a população acima de 60 anos passe dos atuais 26 milhões para 41 milhões em 2030, correspondendo a 19% da população.

“Embora as pessoas estejam vivendo mais, elas não necessariamente estão mais saudáveis”, esse é o alerta que a OMS traz.   Com o aumento do número de idosos vem o crescimento das doenças degenerativas (como as demências), além do aumento de patologias psiquiátricas comumente encontradas em adultos jovens, pois estes estão envelhecendo.

Esse crescimento vertiginoso traz inúmeros desafios para os sistemas de saúde, no sentido de garantir o acesso à auxílio especializado para a população envelhecida.  Assim, torna-se cada vez mais urgente a necessidade de uma maior qualificação da rede de assistência, dos profissionais de saúde.

O arsenal terapêutico está crescendo; novas drogas estão em desenvolvimento, medidas não medicamentosas como neuromodulação, estimulação cognitiva, prática de atividade física regular, terapia ocupacional e outras menos ortodoxas, que não encontram, ainda, um embasamento mais robusto na literatura médica, como meditação, técnicas de relaxamento, suplementação vitamínica, uso de probióticos e dietas específicas, que, apesar de não soarem como uma cura, tendem a apresentar resultados positivos.

Um exemplo disso é o polêmico RECODE (Reverse Cognitive Decline), promovido pelo Dr. Dale Bredesen (EUA), que demonstrou melhoras nas funções da memória em um estudo com 10 pacientes com Alzheimer, sugerindo que a perda de memória pode ser revertida através de um tratamento abrangente, que envolva mudanças na dieta, prática de exercícios físicos, estimulação cognitiva, otimização de sono, medicamentos e vitaminas específicas.

Não é novidade que a ioga, por exemplo, reduz a ansiedade, assim como uma dieta balanceada e exercícios físicos melhoram os índices de massa corporal.  Mas, estamos falando de uma abordagem sistêmica, visando o bem-estar do paciente. A grande questão é se devemos usar apenas o que está devidamente aprovado pelos órgãos regulatórios, ou se devemos utilizar essas terapias complementares que ainda não encontram “suporte” na “devida comprovação científica”.

Claro que deve haver bom senso e que só devemos lançar mão dessas terapêuticas com plena consciência do que esperar delas, sem gerar falsas expectativas para pacientes e familiares. Mas, não me parece razoável que o bem-estar de um paciente idoso, que já não possui tanto tempo para esperar os longos trâmites da máquina burocrática do Estado, deva ser negligenciado em nome de protocolos por vezes desnecessários.

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Artigo publicado no Jornal A Tarde, 8/10