“Da palavra a ação” foi o tema da apresentação de Lívia Brandão, terapeuta ocupacional do Holiste Dia durante a Jornada Baiana de Psicodrama, onde destacou a importância da utilização do método do Sociodrama no trabalho realizado com pacientes no Hospital Dia.
“As atividades de sociodrama trouxeram modificações positivas nos pacientes. Eles passaram a ser mais ativos, mais espontâneos e criativos. Estabelecendo novas formas e possibilidades de lidar com a doença, driblando e desviando da lógica da sociedade do cansaço e do desempenho excessivo, que ao invés de promover saúde produz doença e esgotamento psíquico”, explica Lívia Brandão.
O SOCIODRAMA E A ASSISTÊNCIA ATRAVÉS DOS GRUPOS
A proposta do Hospital Dia para tratamento de pacientes psiquiátricos, baseia-se na utilização de grupos de naturezas variadas como recurso terapêutico, buscando entre outros objetivos, compartilhamento, interação social, adesão ao tratamento, psicoeducação e autopatognose.
“O sociodrama é um método que visa tratar o grupo e sua dimensão coletiva, através das relações que são evidenciadas através do “como si” e no “aqui agora”, revivendo cenas do cotidiano. Sempre acreditei que a partir da “tomada de consciência”, aproximação e “aceitação” da doença, seria possível que os pacientes pudessem estabelecer uma nova forma de vida”, destaca a terapeuta.
Embora conteúdos individuais venham à tona, no sociodrama o protagonista é o grupo. A abordagem principal se dá em sua dimensão coletiva, onde as relações são evidenciadas, através do “como si”, no “aqui e agora”.
Um dos primeiros impactos na utilização do método é a introdução do “cenário”. Ao invés de sentar em cadeiras dispostas de forma organizada, no psicodrama os pacientes passam a se movimentar livremente na sala, de maneira que possam entrar em contato com os outros, como em um palco improvisado, favorecendo o contexto psicodramático.
“Neste contexto, os pacientes tornam-se agentes terapêuticos dos outros, evidenciando o “princípio da interação terapêutica”. Os pacientes passaram a ser confrontados não só com pessoas e situações de suas vidas, mas com as de outras pessoas.
Os pacientes passam a evidenciar e reviver na prática, situações conflitivas que tinham a nível das relações, sendo elas familiares, conjugais, ou com a própria doença, podendo ressignifica-las, encontrando outras possibilidades de lidar com esses conflitos que muitas vezes o desestruturavam”, acrescenta Lívia.
A terapeuta destaca muitos pontos positivos nos pacientes que participam das sessões de sociodramas temáticos.
“Eles tornaram-se mais autônomos e confiantes, não somente nas sessões, mas nas suas relações fora do ambiente terapêutico. Aos poucos comportamentos foram se modificando onde eles começaram a se descobrir mais confiantes, espontâneos e criativos, encorajados durante as cenas a praticarem o que experimentaram no contexto psicodramático, no “como si”, no “aqui agora” das suas vidas reais.
O sociodrama propõe espontaneidade, liberdade e menos repetições automatizadas, menos isolamento e mais ação”, finaliza Lívia Brandão.
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JORNADA BAIANA DE PSICODRAMA
Realizada em outubro/17 pela ASBAP – Associação Bahiana de Psicodrama e Psicoterapia de Grupo – a Jornada uniu teoria e prática através de palestras e vivências psicodramáticas, tendo como tema “A Sociedade do Cansaço”, baseado no livro do filósofo Byung Chul Han.