Obsessão por likes, ostentação e imediatismo são características comportamentais presentes nas redes sociais, podendo influenciar na saúde mental do indivíduo. Em entrevista à Rádio Excelsior, a psicóloga Alice Munguba abordou o tema.
O uso excessivo da tecnologia e das redes sociais pode gerar mudanças no comportamento, desencadear o aumento da ansiedade e levar à depressão. Alice Munguba explicou como as ferramentas digitais, a exemplo do Instagram, podem afetar a construção das relações sociais, ressaltando a importância de criar vínculos afetivos de qualidade.
“O ser humano tem uma demanda de troca de intimidade e de reconhecimento com o outro. Essas relações têm início na família e amigos, mas têm se tornado cada vez mais virtuais. As crianças, por exemplo, estão usando celular e as redes sociais mais cedo, sem a noção do que é público ou privado, de como aquilo pode ser real ou fake”, destaca Alice.
Confira o áudio da entrevista.
Influências digitais
A “vida perfeita”, compartilhada nas redes sociais, é fruto da busca pela aceitação pelo outro. Quanto mais likes e amigos, mais o usuário é popular e considerado influência para os demais.
Grande parte do público do Instagram é composto por jovens, que espelham suas atitudes e comportamentos no que os “influenciadores digitais” apontam como sendo o melhor.
“Com a internet as pessoas podem se tornar protagonistas do seu Instagram, por exemplo. O que vemos hoje são crianças se identificando com elas mesmas, ou seja, com influencers mirins que trabalham com isso. É um advento da nossa modernidade que afeta emocionalmente a forma como elas se veem, ou mostra como podem estar dependentes dos likes e até da autoimagem, associando sua importância ao que o outro curte”, destaca Alice.
Isolamento social
A tecnologia surgiu como meio de aproximar pessoas por sua rede de conexões rápidas e instantâneas. Mas, apesar dessa característica, o avanço tecnológico contribuiu para um isolamento social e crescimento de transtornos psicológicos, possivelmente motivados por essa urgência de aceitação e pertencimento.
Quando o uso das redes sociais se torna excessivo, levando a uma preocupação diária, ocupando mais tempo que as obrigações e necessidades, é indício que elas podem desenvolver algum transtorno de ansiedade. A psicóloga afirma que a ansiedade é um dos efeitos que as redes sociais podem gerar na fase infantojuvenil.
“Essa forma de se estruturar emocionalmente pela via virtual pode ser um caminho perigoso quando a imagem começa a ser pautada naquilo que se vê. Adolescentes que passam noites em claro vendo o perfil dos outros, se perguntando porque a vida do outro é melhor, perfeita, e a deles não. Quanto mais insegura a pessoa é, mais ela capricha em sua própria idealização”, conclui.