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Residência Terapêutica, uma nova morada | Revista Holiste

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A residência terapêutica pode transformar a vida de pacientes crônicos e seus familiares, na medida em que constitui uma nova morada, com novas possibilidades de vida para estes indivíduos.

Os transtornos mentais afetam várias dimensões da vida do paciente: sua saúde mental, seu quadro clínico geral, sua relação com o corpo e seu posicionamento social (estudo, trabalho, amizades, relação com familiares, etc.) e até mesmo sua capacidade de estabelecer planos e metas para a própria vida. Nos momentos de crise, a internação psiquiátrica é fundamental para conter a agudização dos sintomas até que a pessoa recupere o funcionamento normal de sua mente. Mas, o que fazer quando alguns desses sintomas permanecem, mesmo após longos períodos de internação?

Quando um ou mais sintomas persistem após diferentes abordagens terapêuticas, de modo incapacitante, impedindo o paciente de desenvolver suas atividades laborais, acadêmicas ou socioculturais, o transtorno torna-se crônico. Significa que as medicações e as outras abordagens terapêuticas conseguem reduzir a gravidade dos sintomas, mas não afastá-los definitivamente.

Esta situação termina sendo muito desgastante para a família, que muitas vezes não conseguem manejar o paciente dentro do contexto familiar e realizar os cuidados especializados. O suporte sociofamiliar se tornam insuficiente para garantir um espaço adequado de moradia.  É para estes casos que surgem as residências terapêuticas, um espaço assistido onde o paciente possa exercer sua individualidade, sua cidadania, seu convívio social, com todo suporte e monitoramento de uma equipe especializada em saúde mental.

Neste novo espaço de convivência, os pacientes são auxiliados em sua rotina por psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, acompanhantes terapêuticos, nutricionista, médicos clínicos e equipe de enfermagem. A equipe oferece atividades que contemplam os aspectos físicos, psicológicos e sociais do paciente.

Exercícios e outras atividades de consciência corporal auxiliam o paciente no cuidado com o próprio corpo, mantendo um quadro clínico saudável e funcional; os atendimentos  psicológicos trabalham as questões individuais do paciente, auxiliando  e ressignificando a sua relação consigo e com o mundo, saindo do funcionamento e repetição sintomática; por fim, as atividades relacionadas à rotina de manutenção da casa ajudam-no a reconstruir o conceito de lar, de convivência mútua, desenvolvendo sua ressocialização através do núcleo da residência.

A psicóloga Caroline Severo, coordenadora da Residência Terapêutica da Holiste, ratifica a importância desse tipo de abordagem: “Diante da cronificação da doença e dos longos períodos de internação por causa das crises, o paciente perde a referência de lar, de sua individualidade. Através das reflexões e intervenções nas atividades cotidianas, do lazer e de eventos coletivos, incentivamos a autonomia, a responsabilidade e a sua reinserção social”, acrescenta.

De acordo com a acompanhante terapêutica Isabel Castelo Branco, também coordenadora da residência da Holiste, todo o trabalho é feito preservando a individualidade do paciente, considerando as atividades que ele já realizava antes de entrar na residência: “As rotinas diárias são construídas a partir dos hábitos cotidianos de cada indivíduo, resgatando aspectos que já faziam parte dos seus interesses , sua relação com o ambiente externo, fazendo com que ele participe das ofertas e das interações que o mundo oferece, ampliando sua socialização para além da residência”, diz.

 

Cronicidade

Cerca de 3% da população brasileira apresenta transtornos mentais severos e persistentes, segundo o Ministério da Saúde. São estes casos, com comprometimento do desempenho psicossocial e da autonomia do paciente, que são considerados crônicos. “O histórico de internações prolongadas, as sucessivas crises, cronificam a doença e tornam o paciente inábil socialmente, trazendo um prejuízo significativo na sua relação com o mundo”, pontua Isabel.

É importante salientar que a cronicidade não pode ser um argumento para isolar o indivíduo do mundo ao seu redor. Uma das diretrizes do trabalho na residência terapêutica é aproximar o paciente da sociedade, dos seus afazeres corriqueiros e da própria família. Segundo Livia Castelo Branco, psiquiatra, “Uma família presente, independentemente do tipo de acompanhamento, contribui com a evolução favorável do indivíduo com transtorno mental, auxilia na redução das recaídas, dos internamentos psiquiátricos, melhorando a relação familiar como um todo. Exercitar os vários tipos de relacionamento promove a saúde e até mesmo a cidadania do paciente”, pontua.

SAIBA MAIS SOBRE A RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA DA HOLISTE