Em entrevista à Revista Veja Comer &Beber Salvador, Dr. Luiz Fernando Pedroso, diretor clínico do Espaço Holos, alerta para as graves consequências decorrentes da negligência no tratamento dos transtornos mentais.
As doenças e transtornos mentais atingem mais de 400 milhões de pessoas no mundo inteiro, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e cerca de 75% a 85% destas pessoas não têm acesso ao tratamento adequado. Na avaliação do psiquiatra Luiz Fernando Silva Pedroso, a negligência em relação à saúde mental contribuiu para que tais enfermidades ocupem posições de destaque entre as doenças mais prevalentes na população mundial.
“A doença mental mata se não for tratada adequadamente, portanto deve-se buscar atendimento médico tão logo se manifestem reações psicoemocionais frequentes que fogem à normalidade”, ressalta.
De acordo com o psiquiatra, o agravamento das enfermidades psiquiátricas pode levar aos casos de suicídio, inanição, violência, desajuste social, abuso de drogas, acidentes e reações de desequilíbrio. Um dos aspectos que dificultam o suporte médico adequado é o preconceito, devido ao estigma muitas vezes existente na própria família, que trata a pessoa com sintomas psicóticos como se fosse problema temperamento ou desvio de conduta. “Muitas vezes só se busca o recurso terapêutico adequado nos picos de crise”, comenta o psiquiatra.
A medicina evoluiu bastante na área da saúde mental, em função dos estudos sobre o cérebro e dos avanços na genética molecular e nos recursos farmacológicos. As pesquisas e investigações científicas possibilitaram a definição de descrições clínicas e parâmetros de condutas terapêuticas. O psiquiatra Fernando Pedroso observa que a forma de diagnóstico em psiquiatria é diferenciada, pois os indicativos da doença mental não podem ser identificados por exames convencionais e laboratoriais. “Os casos são detectados por comportamentos atípicos, em descompasso com o convívio social”, afirma.
As doenças psiquiátricas mais comuns na população são a depressão e os transtornos de ansiedade, conforme relata o psiquiatra. O especialista explica que as intervenções são individualizadas, de acordo com o quadro clínico, que pode ser mais ou menos crítico e estar associado a problemas psicossomáticos e até agregar mais de uma doença psiquiátrica. Na maior parte das doenças psiquiátricas o tratamento é essencialmente à base de medicamentos, mas pode beneficiar-se em alguns casos com o acompanhamento na psicoterapia.
*Dr. Luiz Fernando Pedroso é médico psiquiatra, Fellow da Associação Americana de Psiquiatria.
* * Matéria publicada na Revista Veja Comer & Beber Salvador (junho/2015)