Dr. Victor Pablo, psiquiatra da Holiste, falou em entrevista ao programa Saúde Metrópole sobre o Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio, e sobre a campanha “Quanto mais fala, menos acontece”, idealizada pela Clínica Holiste.
Um dos objetivos da campanha é o de combater o tabu em torno do tema, mostrando que o diálogo é importante para entender e desmistificar o suicídio. Ainda se tem a falsa ideia de que falar sobre ao assunto pode induzir a realização do ato, quando o contrário é mais verdadeiro. Precisa-se falar sobre o suicídio, sobre os problemas que levam ao ato. É importante que o assunto esteja presente nas conversas das pessoas e saia da esfera do preconceito, tonando esse diálogo um meio de prevenção.
Para Victor Pablo, a dificuldade em abordar este tema se deve ao fato de a maioria das pessoas ainda enxergarem o suicídio como um ato de escolha quando na verdade, na maioria dos casos, é um sintoma derivado de uma doença psiquiátrica. “Existe uma ideia antiga que o suicídio é um ato de escolha, de decisão de um momento da vida e, por isso, ele ganhou uma certa romantização, principalmente na Idade Moderna. Mas com o passar do tempo, do século XX para cá, percebeu-se que cerca de 90% dos indivíduos que cometem o suicídio possuem transtornos mentais, sendo um dos principais deles, a depressão”.
O psiquiatra explica também que dentro do universo das patologias psiquiátricas, as que mais estão associadas ao suicídio são as doenças relacionadas ao humor – depressão maior e o transtorno bipolar do humor- e a ansiedade. Os indivíduos que possuem transtorno de personalidade borderline também estão propícios a cometerem este ato. “São indivíduos emocionalmente instáveis nas relações íntimas deles, facilmente interpretam ações do outro como abandono, além de possuírem um nível de impulsividade grande. Se um indivíduo com transtorno de personalidade deprime, o risco de ser suicida é muito maior”.
Sintomas e sinais
O suicídio é um tipo de comportamento que pode ser evitado, especialmente quando os familiares ou amigos conseguem identificá-lo e procuram ajuda. Isto porque, na maior parte dos casos, a pessoa já não é capaz de identificar outras soluções para a crise emocional que está passando. Segundo Dr. Victor, existem alguns comportamentos e atitudes que podem ajudar a identificar um potencial suicida. São eles:
* Perda do interesse por coisas que antes o indivíduo tinha prazer em realizar
* Mudança no padrão de humor, tornando a pessoa mais retraída
* Pensamentos pessimistas
* Queda da produtividade e perda do autocuidado
“Qualquer um pode se tornar um agente de acolhimento para pessoas com ideações suicidas e essas pessoas se sentirão mais à vontade para buscar ajuda. Mas será mais seguro somar essa mobilização à busca de ajuda especializada com profissionais de saúde mental”, orienta.
Campanha Suicídio: “Quanto mais se fala, menos acontece”
Desde 2014 o Brasil conta com uma campanha de conscientização sobre o suicídio: o Setembro Amarelo. A campanha tem o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, suas formas de prevenção e a importância de se falar sobre o tema.
Este ano, a Clínica Holiste idealizou sua própria campanha com o mote “Suicídio: Quanto mais se fala, menos acontece”. O objetivo é levar mais informação para a sociedade e ajudar a incentivar o diálogo como forma de prevenção.
As principais ações da campanha foram: o lançamento do vídeo “Entendendo o Suicídio”, que integra a web série “Desmistificando a Saúde Mental”, e a criação de um hotsite com diversos conteúdos sobre o tema elaborados pelos profissionais da clínica. Além disso, haverá também uma palestra gratuita, voltada para familiares que lidam com indivíduos com transtornos mentais. A psiquiatra Fabiana Nery debaterá o tema: Suicídio não é escolha e pode ser evitado, já o psiquiatra Victor Pablo abordará o tema Prevenção do Suicídio em jovens. O encontro acontece no dia 20 de setembro, às 19h, no auditório da Holiste em Pituaçu.