Considerados tabus na sociedade, o sexo e a gravidez na adolescência são assuntos que precisam ser debatidos principalmente entre pais, jovens e sociedade. Maria Eugênia Glustak, psicóloga da Holiste, falou sobre a importância desse diálogo, em entrevista ao programa Band Mulher.
De janeiro a maio de 2019, aproximadamente 11 mil bebês nasceram, somente na Bahia, de mulheres entre 10 e 19 anos. O alto número mostra que a gravidez na adolescência corresponde a mais de 17% dos nascimentos baianos, reforçando a necessidade de conversar e conscientizar os adolescentes sobre o tema.
Maria Eugênia reforça que a adolescência é um período de transição para o mundo adulto, e que nessa fase é primordial que haja diálogo entre pais e filhos sobre vida sexual, prevenindo que uma gravidez ocorra por pura falta de informação.
“Ter um filho, nesse momento da vida, é jogar o adolescente direto no mundo adulto, sem um ‘ritual de passagem’. Isso pode gerar problemas, inclusive consequências psíquicas bem problemáticas, ainda mais sem o devido apoio familiar”, destaca a psicóloga.
Assista à entrevista completa.
Importância do diálogo
A conversa entre pais e filhos deve fazer parte dessa fase, quando os jovens precisam de orientação para enfrentar questões pessoais, certas pressões sociais e entender a hora certo de uma iniciação na vida sexual.
Para Glustak, é necessário que os pais respeitem, também, o momento desse adolescente, observando até onde ele consegue engajar uma conversa.
“Muitas vezes o papo pode ser constrangedor, incisivo demais, e isso pode gerar traumas, chegando ao ponto dele não querer conversar sobre o assunto. É indispensável que seja uma conversa sem formalidades, pegando assuntos corriqueiros para ‘quebrar o gelo’, por exemplo”, afirma.
Lidando com a vergonha
A diferença entre o modo como os adolescentes se percebem e são percebidos pelos adultos pode ser relacionada à vergonha que sentem, em geral, ao tratar desses assuntos com os pais. O medo de falar sobre o assunto é um dos empecilhos na conversa aberta sobre uma vida sexual ativa.
Para a psicóloga, os pais devem buscar uma forma mais lúdica de falar sobre sexo e suas consequências, visto que a pressão pela perda da virgindade e iniciação sexual é muito maior que em tempos passados.
“Os pais podem usar vídeos de influenciadores que eles gostam, por exemplo, ou alguma situação do dia-a-dia que permita entrar no ambiente desse adolescente. A chave é falar a própria linguagem dele, sem pressionar, sem impor”, finaliza Maria Eugênia.