Livia Castelo Branco, psiquiatra da Holiste, fala sobre a importância de cuidar da saúde mental e de falar sobre suicídio, em entrevista à rádio Sociedade.
Setembro é o mês mundial de prevenção ao suicídio, e tem como objetivo chamar a atenção para o tema, que permanece tabu em nossa sociedade. A campanha visa demonstrar a necessidade do diálogo e da ajuda especializada para tratar do problema.
Livia Castelo Branco explica que a conversa é importante, mas é preciso saber como transmitir as informações sobre suicídio, de modo a auxiliar a pessoa em sofrimento na busca por ajuda médica:
“É importante saber como transmitir a informação sobre suicídio. Por exemplo: se você fala que houve um suicídio, mas explica como a pessoa estava sofrendo e como você pode evitar isso. Passar o telefone de instituições que atendem essas pessoas, contar mais ou menos como é a doença, como os familiares podem buscar ajuda e identificar essas doenças, isso ajuda muito.”, destaca.
Confira a entrevista:
As tentativas e o risco de suicídio
O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Entretanto, essas mortes poderiam ser evitadas com diálogo e ajuda especializada.
A psiquiatra explica que 90% dos casos de suicídio são originados por alguma doença, como depressão, esquizofrenia ou transtorno de personalidade. Além disso, fatores externos podem aumentar o risco de suicídio:
“Na maioria das vezes, se a pessoa não estiver em tratamento ela vai tentar de novo. O maior fator de risco para o suicídio são as tentativas prévias; é preciso ter um acompanhamento médico e familiar de perto”, alerta Livia Castelo Branco.
Ela ainda explicou que existem dois tipos de suicídio: aquele cometido por impulso, quando a pessoa é tomada por uma emoção muito forte e não consegue ponderar as consequências de seus atos, e o planejado, quando se faz toda uma programação, se despede dos parentes, organiza todo um contexto para não ser descoberto.
Fatores de risco
É preciso salientar que este período de pandemia pode ter favorecido o surgimento de fatores agravantes dos quadros de transtornos mentais. De acordo com a especialista, existem questões individuais e que vão além daqueles provocados pela crise sanitária e econômica que estamos vivendo.
“Além da crise econômica e do isolamento em casa, temos a morte de muitas pessoas, e a morte de alguém impacta no mínimo seis pessoas. Então, existe um sofrimento muito grande, e isso associado ao pouco acesso à Saúde Mental que se tem no Brasil, torna o risco de aumento do suicídio alto”, destaca a psiquiatra.
Além dos fatores externos, é importante destacar que o suicídio é multifatorial. Logo, frustrações específicas podem corroborar, mas não são a causa específica do problema:
“A gente leva em conta outros fatores de risco. Então, geralmente se tem um estressor, mas é preciso avaliar se esse indivíduo já tinha algum transtorno mental prévio, se tem algum histórico familiar de suicídio… geralmente a frustração é a gota d’água”, finaliza a especialista.