Em entrevista ao programa Melhor da Tarde, da Band, o psiquiatra e diretor clínico da Holiste, Luiz Fernando Pedroso, falou os riscos envolvidos em um surto psicótico, a importância do diagnóstico e do tratamento adequado para evitar tragédias.
O sequestro de um ônibus com 37 passageiros, no Rio de Janeiro, que resultou na morte do sequestrador, chamou atenção para a necessidade de se debater o atendimento a pacientes em surto e com transtornos mentais no Brasil.
Em entrevista para a Band, Luiz Fernando Pedroso falou sobre a importância do tratamento dos transtornos mentais, bem como as graves consequências que a ausência do tratamento adequado pode trazer.
“A doença sempre existiu, a diferença é a subestimação que a doença mental ganhou nos dias de hoje. Perde-se tempo demais e não discute o principal que é a própria patologia. A doença mental mata, tanto o doente, às vezes por suicídio, quanto os outros, também”, afirma o psiquiatra.
Confira a entrevista completa.
Entenda o Surto psicótico
O surto psicótico é um episódio de desordem da representação da realidade, que pode estar presente em vários transtornos psiquiátricos, oferecendo riscos aos pacientes e a terceiros. Traz como características mais conhecidas os delírios, alucinações e comportamentos desorganizados.
Para Luiz Fernando é preciso salientar que os surtos não acontecem de uma hora para outra; eles são anunciados paulatinamente.
“Às vezes o doente está sofrendo, retraído, fugindo dos contatos sociais, mas não tá incomodando e a gente vai ignorando. Mas, a doença cresce, e ela não suporta ser ignorada”, destaca o psiquiatra.
Diagnóstico e intervenção
Luiz Fernando enfatiza que a doença mental é multifatorial – com componentes biológicos, psicológicos e sociais, sendo mais eficaz trata-la com uma abordagem multidisciplinar, principalmente nos casos agudos onde é necessário internar o doente para que receba uma assistência intensiva.
O tratamento do quadro de surto psicótico é definido a partir da avaliação de um profissional especializado, que irá identificar aspectos como hereditariedade, assim como eventos estressores ou fragilidades emocionais próprias do paciente, algo que possa ter desencadeado o surto. Estabelecido o diagnóstico, é possível definir o melhor tratamento para o indivíduo.
“Quanto mais cedo a gente intervém num processo patológico, mais chance temos de recuperar a pessoa e evitar tragédias. A dificuldade é aceitar a ideia de levar o familiar para o tratamento com um profissional de saúde mental, reconhecendo que ele pode estar com desequilíbrio mental. A tendência é negar a existência da doença mental”, finaliza o psiquiatra.