O psiquiatra e diretor clínico da Holiste, Luiz Fernando Pedroso, fala sobre possível surto psicótico de paciente suspeito da Covid-19.
Em meio à pandemia da Covid-19, a notícia do paciente que ateou fogo no colchão de um hospital em Salvador ligou o alerta para os possíveis efeitos que a doença também provoca à saúde mental.
De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia, o paciente teria sofrido um surto psicótico, ateado fogo ao colchão e bloqueado a entrada do próprio quarto para evitar o socorro. Para o psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, este momento de isolamento social pode trazer sérias consequências para a mente:
“Estamos em uma situação de quarentena, portanto, de restrição da nossa rotina, de adiamento de desejos e sonhos. Isso eleva o nível de estresse e de frustração. Mas, em quem tem uma predisposição a algum transtorno de ansiedade ou depressão, isso pode servir como gatilho”, destaca o psiquiatra.
Assista à entrevista:
Surto psicótico
O surto psicótico é uma manifestação desordenada da representação da realidade. Alguns dos sintomas mais comuns são os delírios, alucinações e comportamentos desorganizados. Durante um episódio psicótico, os pensamentos e percepções ficam perturbados e o indivíduo pode ter dificuldade em assimilar o que é ou não real.
É preciso reforçar que esses episódios não ocorrem repentinamente: “Às vezes o doente está sofrendo, retraído, fugindo dos contatos sociais, mas não tá incomodando e a gente vai ignorando. Mas, a doença cresce, e ela não suporta ser ignorada”, afirma o psiquiatra.
Efeitos da quarentena
A quarentena pode causar, também, sensações de medo e ansiedade, resultado dessa mudança brusca na rotina. O estresse é um dos efeitos mais comuns associados ao período da quarentena.
Esse momento requer um pouco mais de cuidado, sobretudo com pacientes que tem certa predisposição ao desenvolvimento de alguns transtornos. Em tempos de incerteza, buscar ajuda profissional é fundamental para identificar os problemas precocemente e elaborar estratégias de enfrentamento que evitem o agravamento do quadro, evitando episódios extremos como os surtos psicóticos.