Em entrevista ao portal MSN, a psicóloga Daniela Araújo explica como identificar o chamado “terror noturno” na infância.
O terror noturno é um distúrbio do sono e, geralmente, ocorre em crianças de 2 a 5 anos. As características incluem choro e gritos no meio da noite, e confundem muitos pais ao achar que se trata de um pesadelo.
Mas, pode ser que se trate de um episódio de terror noturno, uma parassonia do mesmo grupo do sonambulismo e do chamado despertar confusional. Nesses casos, é normal que a criança não lembre o que aconteceu. Assim como em outros transtornos, há influência de fatores genéticos. Por isso, os pais devem investigar se há algum episódio familiar na infância ou mesmo em fase adulta.
Com a pandemia do novo coronavírus, o sono tem sido um problema para boa parte das pessoas. A ansiedade e o estresse podem bagunçar a rotina de sono, provocando episódios de terror noturno. De acordo com Daniela Araújo, psicóloga, psicanalista e coordenadora do Núcleo Infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, alguns comportamentos fora do comum podem surgir:
“Corpo e mente estão intimamente ligados, não há como escapar disto. Assim, quando há algo que sentimos, mas que ainda não está organizado pela nossa condição simbólica, isto tenderá a aparecer nos atos impensados, impulsivos, ou mesmo no corpo, sem que se saiba de imediato a razão”, diz.
Como os pais podem agir
Por mais que seja comum na infância, os episódios podem desaparecer conforme a criança cresce. Contudo, é importante não reforçar comportamentos inadequados, como o de levar a criança para a cama dos pais, prejudicando a transição na fase de dormir sozinho.
A psicóloga explica que “marcar presença com a criança pode fazer diferença para acalmá-la. Por vezes, nesses instantes de inquietação, algumas palavras podem causar mais ansiedade. Então cabe tomar cuidado e se dispor a escutar. Saber o que costuma tranquilizar o filho e eventualmente procurar entretê-lo com algo que o apazigue também são boas alternativas”, pontua.
Aproximar-se do dia a dia da criança e observar como ela vem lidando com suas questões também é uma boa forma de entender os motivos do problema, auxiliando na busca de formas para contorná-lo:
“Participar mais da rotina do filho e escutá-lo com mais frequência pode fazer aparecer algum assunto diferente, que de repente mostrará de onde vem o desconforto”, finaliza a especialista.