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Um lugar para chamar de seu

Residência Terapêutica

A Residência Terapêutica da Holiste (RT) é um espaço onde o indivíduo pode ressignificar o seu lugar no mundo, apaziguar os seus sintomas e ser dono das suas escolhas.

 
Por Rafael Peixoto, psicólogo e psicanalista da Residência Terapêutica da Holiste.

Habitar um lugar é uma experiência afetiva que se dá a partir do encontro entre uma pessoa e um espaço. A casa se constitui como o ponto de partida para vida em comunidade, e com o passar dos anos o sentimento de pertencimento vai se inscrevendo, referenciando-a como um lar. Desta forma, o lar não é simplesmente um abrigo, pois ele atua como um espaço onde a pessoa estabelece vínculos, constrói sua cidadania e afirma sua identidade. O lar é um espaço íntimo, onde fazemos uma demarcação daquilo que é interior e exterior, privado e público.

A demarcação do “dentro” e “fora” de um lar se dá para todos. Entretanto, para aqueles que sofrem com algum tipo de transtorno mental, é preciso lidar com a difícil tarefa de inventar uma resposta particular para essa relação, constituindo uma defesa às situações impostas pelos sintomas.  Esses indivíduos, quando estão na fase crônica da doença, podem perder capacidade de realizar o autocuidado, resolver questões triviais do cotidiano, ou até mesmo socializar.

Com a proposta de auxiliar pacientes com transtorno mental crônico, surge a Residência Terapêutica da Holiste (RT), um espaço onde o indivíduo pode ressignificar o seu lugar no mundo, apaziguar os seus sintomas e ser dono das suas escolhas. Isso se dá, especialmente, através de um ambiente seguro, confortável e familiar, que tem a função de criar um espaço de estímulos para que o indivíduo possa se reinventar.

A RT se apresenta para esses sujeitos quando há uma fragilidade no suporte familiar, por motivos que são caros a cada família. A moradia em uma RT tem aspectos análogos à experiência de conviver na família nuclear, com afetos, emoções, intrigas, frustrações, alegrias e a liberdade de fazer suas escolhas. Ao se mudar para a RT, o morador é confrontado com uma nova realidade, e precisa de tempo para elaborar à sua maneira o universo que lhe é apresentado.

A tarefa clínica em uma moradia assistida, por excelência, é acompanhar o morador, trabalho regido de forma extremamente singular, que implica deixar o indivíduo ser livre para descobrir o mundo à sua maneira. Trata-se de um trabalho extremamente sofisticado, pois abrange as sutilezas e subjetividades do dia-a-dia, nas diversas circunstâncias às quais o morador está submetido.

Com o passar do tempo, aos poucos os sonhos emergem, o protagonismo reaparece, e a reconstrução da própria vida vai tomando forma. O morador vai estruturando a sua existência para além de quatro paredes, correndo o risco e colhendo os frutos de ser quem realmente é, vivenciando a liberdade nas suas múltiplas facetas. Ele passa a identificar o seu lugar no mundo e a ser o dono das suas escolhas, com a certeza de que existe um espaço da cidade para chamar de lar e regressar ao final do dia.