A mitomania é um distúrbio de personalidade no qual o indivíduo possui uma tendência compulsiva pela mentira. Esta doença é também conhecida como mentira obssessivo-compulsiva.
Uma das grandes diferenças do mentiroso esporádico ou “tradicional” para o mitômano, é que no primeiro caso o indivíduo não tem resistência em admitir a verdade, enquanto o portador da compulsão por mentir usa a mentira em proveito próprio ou prejuízo de outro de forma imoral e insensível sem sentir necessidade de desfazer o engano.
Em entrevista ao TVE Revista, o psicólogo do Espaço Holos Claudio Melo afirma que existe uma diferença entre as “mentirinhas” do dia a dia e as mentiras que podem afetar o próprio indivíduo e as pessoas que o cercam. “Determinados comportamentos que são normais podem se tornar patológicos quando passam a ser disfuncionais, quando o indivíduo mente compulsivamente, causando prejuízos para ele e para terceiros”, diz.
O mitômano geralmente sabe que no fundo, o que ele diz não é totalmente verdadeiro. Mas contar mentiras lhe faz sentir bem consigo mesmo e acalma suas angústias. Em determinado momento, o sujeito prefere acreditar em sua realidade mais que na realidade objetiva (fatos visíveis). Ele tem necessidade de contar histórias falsas para sentir-se bem consigo mesmo.
“São pessoas que pela angústia, ansiedade e questões não resolvidas emocionalmente, tendem a lançar mão de comportamentos repetitivos e compulsivos”, completa Claudio Melo.
Ainda segundo o especialista, a mitomania geralmente está associada a outras doenças: “Pode ser o transtorno bipolar, mais relacionado à bioquímica, quando há uma elevação no humor e de repente a pessoa acha que é mais do que realmente é e começa a inventar histórias. Ou o boderline, quando o indivíduo tem baixa autoestima e mente para se inserir socialmente, para ser amado, reconhecido”, diz.
Causas da mitomania
As causas da mitomania não são totalmente esclarecidas, mas sabe-se que há inúmeros fatores psico-sociais envolvidos na questão. Acredita-se que a baixa autoestima e a tentativa de se proteger de situações constrangedoras marquem o início da mitomania.
É normal na fase infantil
Nesta fase da vida é normal as crianças fantasiarem histórias. “A criança não cria por patologia e sim porque vive em um mundo fantasioso. Isso acontece porque ela não tem capacidade cultural e cognitiva de compreender o mundo que a cerca, então ela completa com a fantasia. Com o tempo ela distingue o que é real e o que é fantasia”, analisa Claudio Melo. Vale ressaltar que é importante repreender a mentira. “Os pais têm que dar um limite, mais isso não previne o comportamento mitomaníaco na fase adulta”, afirma.
Orientação e tratamento
Normalmente deve se indicar ajuda de um profissional. “A pessoa não consegue parar sozinha. Ás vezes até percebe, mas não consegue parar de mentir”, afirma Claudio Melo. Os tratamentos para esta patologia podem ser medicamentosos ou psicoterápicos.
Confira a entrevista completa do psicólogo Claudio Melo exibida na TVE no dia 01/04/15.
*Claudio Melo é psicólogo, formado em Psicologia e pós graduado em Saúde Mental Coletiva na Universidade Federal da Bahia.