A Estimulação Magnética Transcraniana é um tratamento de neuroestimulação mais recente.
De natureza não invasiva, o procedimento é realizado ambulatorialmente (em consultório), permitindo que o paciente realize o tratamento sem interferência em sua rotina diária.
A partir do mapeamento da área motora do cérebro e de mensurações realizadas antes da sessão, se define o local específico que receberá o estímulo, bem como a intensidade do mesmo. O paciente recebe os pulsos magnéticos somente no lugar a ser estimulado, sentado confortavelmente em uma poltrona.
A estimulação é feita através de uma bobina repousada sobre a cabeça do paciente, que estará envolta por uma touca de tecido especial demarcada com os pontos a serem estimulados. Essa bobina é perpassada por uma corrente elétrica de alta intensidade que cria um campo magnético, tal como um eletroímã, focalizado. A depender da frequência utilizada, pode estimular ou inibir a área escolhida, modulando, assim, a atividade neuronal e proporcionando o resultado esperado.
No Brasil, o uso da técnica foi regulamentando pela Anvisa em 2006, e pelo conselho Federal de Medicina (CFM) em 2012. A técnica é liberada pelo FDA desde 2008.
Procedimento
As sessões de EMT são realizadas diariamente, de segunda à sexta, com duração de 20 a 30 minutos. Nelas, o paciente permanece consciente e acordado, confortavelmente sentado em uma cadeira. O aparelho gera campos magnéticos semelhantes aos utilizados nos sistemas de ressonância magnética, que atuam especificamente na área do cérebro delimitada previamente pelo psiquiatra. Após a aplicação, os pacientes podem voltar para casa de forma independente, retomando imediatamente a sua rotina diária.
O número de sessões do tratamento de EMT é determinado pelo médico psiquiatra, levando em consideração o quadro clínico de cada paciente (diagnóstico, gravidade, idade, saúde clínica, etc.). Na maioria dos casos, são necessárias de 20 a 30 aplicações de EMT para alcançar o resultado desejado.
Indicações
A EMT é um poderoso tratamento para as diferentes variações da depressão (leve, moderada, grave, pós-parto, refratária, distimia e fase depressiva do transtorno bipolar) e para a Esquizofrenia (no tratamento de sintomas negativos e de alucinações auditivas do transtorno).
Por se tratar de um método não invasivo, a EMT pode ser indicada, inclusive, para pacientes com condições clínicas mais delicadas, como gestantes e idosos. A técnica também tem demonstrado eficácia no tratamento de dependentes de cocaína e de pacientes com dor crônica, em especial a fibromialgia.
Contraindicações
Poucos efeitos colaterais são atribuídos à EMT, como leve desconforto nas primeiras aplicações e dor de cabeça passageira, mas que melhoram espontaneamente ou com o uso de analgésicos comuns. Também é normal uma dor leve e temporária no local da aplicação, que geralmente desaparece após as primeiras sessões do tratamento, quando os pacientes se acostumam com as aplicações.
Pacientes com histórico de neurocirurgia e epilepsia precisam ser avaliados com mais minúcia, mas sem contraindicação absoluta. Já indivíduos com implantes metálicos no cérebro e marca-passo não podem realizar o procedimento.
Técnicas de EMT
Atualmente oferecemos duas técnicas diferentes do tratamento: a Estimulação Magnética Transcraniana Superficial (EMTr) e a Estimulação Magnética Transcraniana Profunda (EMTp ou Deep-TMS).
A EMTr gera breves campos magnéticos, através de uma bobina manipulada manualmente, que ativam ou inibem determinadas regiões no cérebro. Já a EMT Profunda utiliza uma bobina em forma de capacete, que atinge regiões cerebrais mais profundas, trazendo um efeito terapêutico mais robusto em um menor número de sessões.
A sessão do EMTr tem duração de 30 minutos, enquanto a EMTp dura apenas 20 minutos. Ambas as técnicas têm, no início, suas sessões realizadas diariamente, com intervalos aos finais de semana.
Estimulação Magnética Transcraniana Profunda (EMTp)
A EMTp é uma inovação no procedimento, uma nova tecnologia que aumenta significativamente a eficácia terapêutica da neuroestimulação por ondas magnéticas.
Além de uma maior eficácia no tratamento das doenças já abordadas pela EMTr, estudos apontam que a EMTp é eficaz no tratamento de outros transtornos, como: Alzheimer, autismo, mal de Parkinson, transtorno de estresse pós-traumático, tabagismo, derrame, esclerose múltipla e transtorno obsessivo compulsivo (TOC).
O tratamento recebeu a aprovação do FDA em 2013 e da ANVISA em 2014, para o tratamento de seis distúrbios cerebrais: depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de estresse pós-traumático e doença de Parkinson.