O Transtorno Bipolar do Humor é uma doença mental crônica que atinge uma parcela considerável da população. Estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros sofram com o transtorno, o que corresponde a 8% da população do país.
A principal característica da doença é a presença de episódios depressivos e maníacos, com alternância dessas fases entre si ou, em casos mais incomuns, na configuração de um episódio misto. As duas manifestações, depressão e mania, estão respectivamente relacionadas ao rebaixamento ou elevação do humor, podendo variar em intensidade (desde uma simples alteração do humor até episódios delirantes, psicoses e ideação suicida).
TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR
Pacientes em episódios de crise, sejam eles depressivos ou eufóricos, estão submetidos a riscos de diversas ordens: perda da autocrítica e adoção de comportamentos de risco, gastos excessivos e delapidação do patrimônio pessoal/ familiar, comportamentos sexuais de risco, uso e abuso de substâncias químicas (álcool e outras drogas, medicações, etc.), comportamento suicida, entre outros.
“O tratamento passa pelo diagnóstico correto, pelo acompanhamento psiquiátrico regular, pelo uso de medicações estabilizadoras do humor e pelo acompanhamento psicoterápico, associados a hábitos de vida mais saudáveis. Nos casos mais graves, a internação psiquiátrica se faz necessária para proteger o paciente dos sintomas. A internação também é uma excelente ferramenta para assegurar a adesão inicial do paciente ao tratamento, pois nos episódios agudos sua capacidade crítica está reduzida ou ausente” – Fabiana Nery, psiquiatra
QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADA EM TRANSTORNO BIPOLAR?
Embora apresentem sintomas bem conhecidos pela psiquiatria, os quadros de Transtorno Bipolar trazem componentes psicológicos e psiquiátricos singulares, que muitas vezes escapam de uma leitura generalista
“O que fundamenta nossa clínica é a atenção ao caso a caso, àquilo que nenhuma medicação inventada alcança: as questões subjetivas e individuais em jogo no desencadeamento de cada episódio de mania ou depressão. Por isso, é necessária uma leitura, e consequentemente uma intervenção, mais ampliada do fenômeno bipolar. A equipe multidisciplinar do programa foi se constituindo a partir dessa constatação. Cada novo paciente exige de nós dedicação, estudo, para tentarmos tratá-lo no que ele nos apresenta de mais desafiador: o ineditismo da sua história”. – André Dória, psicólogo e coordenador do programa de Tratamento do Transtorno Bipolar da Holiste
O PROGRAMA DE TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR
Estruturado especificamente para pacientes com transtorno bipolar, o programa é formado por uma equipe multidisciplinar que constrói um plano terapêutico individualizado, em regime de internação para pacientes em crise e em ambulatório para pacientes estabilizados.
Internação
Fase Aguda
Primeira fase do programa, na qual o paciente está em plena crise (maníaca ou depressiva).
Aqui, o diagnóstico psiquiátrico preciso e a abordagem medicamentosa são ferramentas fundamentais para controlar os sintomas. O trabalho da equipe do programa, em parceria com o psiquiatra, é direcionado para a construção de um vínculo terapêutico que auxilie o paciente a lidar com a internação.
Os atendimentos familiares têm o objetivo de acolher o sofrimento da família e desconstruir os estigmas sobre os episódios de mania e depressão. Também é realizada uma análise da história de vida do paciente, com a finalidade de identificar disfuncionalidades em sua rotina biológica e social, pautando a intervenção da acompanhante terapêutica e do personal trainer (educador físico) durante a internação.
Fase de Estabilização
Após a diminuição ou remissão dos sintomas, o foco é auxiliar o paciente a construir algum entendimento sobre seu adoecimento, através de atendimentos psicológicos individuais, em grupo, e da reconstrução de rotinas elaborada pela acompanhante terapêutica.
Os atendimentos psicológicos são direcionados para que o paciente possa construir algum entendimento sobre o desencadeamento da sua crise de mania ou depressão. Nos grupos terapêuticos são trabalhadas as trocas de experiência pessoais, a importância do tratamento medicamentoso e psicológico e as estratégias de prevenção de recaídas. A acompanhante terapêutica foca na reestruturação das rotinas, enquanto o personal trainer elabora um plano de atividades físicas específico para cada um, ambos construídos em parceria com o paciente.
As intervenções com a família, agora, trabalham a reconstrução das relações familiares, geralmente bastante estremecidas pela crise.
3.Fase de Manutenção
Última fase do tratamento, aqui o objetivo é restabelecer a autonomia social do indivíduo, tomando-o capaz de reassumir as suas atividades cotidianas.
Com o paciente estabilizado, chega o momento da construção de um plano de suporte ambulatorial, em parceria com o paciente e sua família, com o objetivo de prevenir novas crises, inventando novas soluções para seu sofrimento psíquico que não passem pela via maníaca e/ou depressiva.
Ambulatório
Grupo de pacientes
O principal objetivo é a promoção do protagonismo dos participantes na estabilização de sua saúde mental, trazendo à tona as responsabilidades de cada um no desencadeamento dos episódios de mania e depressão, prevenindo assim novas crises e oferecendo um espaço de cuidado suplementar ao tratamento psiquiátrico e psicológico individuais.
Grupo para familiares
O objetivo é oferecer um espaço de troca de experiências, dificuldades, dúvidas e informações sobre as questões que atravessam o transtorno bipolar, a partir de cada caso, criando a possibilidade de construção de uma rede de suporte familiar que auxilie no tratamento do paciente e da própria família.
EQUIPE DO PROGRAMA DE TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR
André Dória – Psicólogo /Coordenador do Programa
Marcella Gerbasi – Psicóloga