Smartphones se tornaram itens indispensáveis da vida moderna. Mas, quando o uso se torna um vício em tecnologia? Daniela Araújo, psicóloga da Holiste, abordou o tema em entrevista à Rádio Metrópole.
Não há como negar: vivemos conectados aos nossos smartphones. Do despertador matinal ao aplicativo do trânsito, passando pelo e-mail, redes sociais, internet banking e até pelo aplicativo com o qual pedimos o nosso almoço; tudo cabe na telinha do aparelho. Não raro, ele é a primeira coisa que pegamos ao acordar e a última que soltamos na hora de dormir.
Com uma presença tão marcante em nosso dia-a-dia, como identificar que o uso da tecnologia ultrapassou os limites do que é saudável?
Ouça a entrevista completa:
COMO CARACTERIZAR O VÍCIO?
Devido às facilidades oferecidas pelos diversos aplicativos hoje disponíveis, é natural que as pessoas façam o uso intenso dessas novas tecnologias, em especial os smartphones. Portanto, antes de achar que existe algo errado e sair diagnosticando “viciados”, é preciso entender melhor o problema:
“Eu acho que a gente precisa tomar um pouco de cuidado pra não considerar que todos são viciados. O vício já diz respeito a algo mais sério, quando as pessoas já têm algum tipo de prejuízo, já não conseguem funcionar, já não conseguem cuidar de suas rotinas, já atrapalha a alimentação, o sono, trabalho, namoro, começa a faltar aula. Então é assim: uma sequência de prejuízos nas atividades da vida diária. Agora, de fato, é até interessante: tem gente que fala que o celular é como se fosse um novo órgão do próprio corpo, então muita gente tem dificuldade de se separar do celular e, às vezes, diz respeito a algo pessoal de cada um” – explica Daniela.
COMO LIDAR COM O PROBLEMA?
Atualmente, apesar de não serem comuns, já existem clínicas especializadas no tratamento de dependentes de tecnologia. Mas, a verdade é que o vício em tecnologia não difere de outros problemas já conhecidos, como a dependência química ou o jogo compulsivo. A ajuda deve ser, portanto, no sentido de tratar a compulsão que leva ao comportamento dependente.
“A gente precisa pensar o vício por uma via da dependência, da adição, tal qual outros vícios. Inclusive, nós vemos na história, na medida que vão sendo ofertados determinados objetos as pessoas vão se viciando. Tem as drogas, já clássicas, e as novas drogas. Me parece que as tecnologias entram como mais um objeto de adição. E aí, quando a gente pensa a adição, a gente pode pensar ela pela via da compulsão, da repetição, de um ciclo vicioso, de estar dentro de algo do qual não consegue sair” – afirma a psicóloga.
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O QUE CAUSA A DEPENDÊNCIA?
É importante ter em vista que a dependência é um fenômeno singular, ou seja: ela vai funcionar de modo diferente para cada pessoa, apesar de um grupo poder compartilhar uma série de fatores em comum. Desse modo, os fatores que desencadeiam a dependência também são individuais.
Ainda que seja um problema, que traga prejuízos ao indivíduo, a dependência pode ao mesmo tempo servir como um suporte, uma fuga de alguma situação, o alívio de um sofrimento ainda maior. Portanto, o melhor a fazer é procurar o acompanhamento profissional especializado:
“Tem que tomar muito cuidado com isso. Se a gente pensa que a tecnologia também é muito utilizada como uma defesa, pra algumas coisas ela pode fazer uma função. Vamos supor: tem uma pessoa que tem dificuldade em estar se relacionando no mundo real, no cara a cara, e se utiliza da tecnologia cada vez mais, se ensimesmando nesse universo. Aí, o uso que ao mesmo tempo é maléfico está fazendo uma função. Se a gente tira isso totalmente, o prejuízo, o dano, pode ser maior.
Inclusive tem casos de tentativa de suicídio, de passagem ao ato, realmente. Então, é preciso ver qual é a função que aquele abuso tá fazendo pra cada um, porque pode ser uma defesa, e quando se trata de uma defesa a gente precisa ir com calma” – pontua a especialista.
PROGRAMA DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA DA HOLISTE
Para tratar de problemas como a dependência química e outros vícios, a Holiste disponibiliza um programa especial de tratamento, que conta com uma grade de atividades específica para atender as especificidades da doença: grupos de discussão, sessões de arteterapia, acompanhamento psiquiátrico e psicológico e atividades físicas.
Saiba mais sobre o PROGRAMA DE TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA DA HOLISTE