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A GERAÇÃO DA IMEDIATEZ E A BUSCA PELO DESEQUILÍBRIO

Em artigo no portal Bnews, a psicóloga Isabela Campos analisa os impactos da tecnologia nas gerações Y e Z e destaca o trabalho do Hospital Dia da Holiste

apresentam maior interação com o mundo digital. A geração Y (1982-1994) foi a primeira a passar pela transição da tecnologia, do analógico para o digital. Já a geração Z (1995-2010), conhecida como “nativa digital”, seguiu o mesmo caminho e se envolveu ainda mais com a evolução da internet.

A grande diferença entre essas gerações e as anteriores é justamente a internet, que, com suas múltiplas facetas, permite uma explosão de informações. Tudo pode ser encontrado com facilidade, e as relações também passaram a ser estabelecidas nesse ambiente virtual. No entanto, esse excesso de estímulos e vínculos superficiais tem levado os jovens adultos a uma crescente frustração com o tempo e a vida real. Atividades rotineiras, como estudar, trabalhar, ajudar em casa e criar conexões reais, tornam-se extremamente cansativas e tediosas, pois não geram o mesmo nível de euforia e liberação de dopamina proporcionado pelo contato com as telas.

Um fator ainda mais crítico nessa dinâmica é a presença de um transtorno mental na vida desses jovens. Pessoas com borderline, TDAH, transtorno bipolar ou depressão tendem a se fechar ainda mais no mundo virtual, na tentativa de preencher vazios indefinidos. No ambiente digital, encontram estímulos tão acelerados quanto seus pensamentos e sua hiperatividade, mas acabam abandonando facilmente o que iniciam, sem grandes perspectivas.

Pensar em vidas reais, que precisam ser vividas por eles próprios, torna-se uma questão difícil. O mundo real é mais complexo e, diante disso, muitos se sentem completamente incompreendidos. Além disso, é fundamental considerar o impacto do diagnóstico na vida desses jovens, pois ele influencia diretamente seu ritmo de desenvolvimento. No entanto, ter um transtorno não significa incapacidade. Muitas vezes, o estigma faz com que esses indivíduos se sintam limitados, quando, na verdade, seu tempo de conquistas, insights e crescimento apenas segue um ritmo próprio.

O contato com profissionais da área — psicólogos, psiquiatras, arteterapeutas e educadores físicos — pode possibilitar uma mudança de perspectiva para esses jovens, que muitas vezes se veem incapazes de alcançar as expectativas impostas pela sociedade. Um espaço estruturado nesse sentido é o Hospital Dia, onde são trabalhadas tanto questões subjetivas quanto aspectos do coletivo em atividades grupais. Esse ambiente possibilita a construção de vínculos que vão além das telas, promovendo um contato humano mais significativo, além de incentivar a criação de rotinas saudáveis e a retomada das atividades cotidianas.

Diante desse cenário, é fundamental refletirmos sobre o impacto da hiperconectividade na vida dos jovens e a importância de alternativas que promovam o equilíbrio entre o digital e o real. O excesso de estímulos virtuais pode gerar frustração e afastamento da realidade, tornando essencial a construção de espaços que favoreçam vínculos genuínos e experiências concretas. O suporte de profissionais e a participação em atividades que fortaleçam o coletivo são caminhos para resgatar a percepção de pertencimento e sentido na vida. Afinal, por mais que a tecnologia faça parte do cotidiano, é na vivência real que se constrói a autonomia e a identidade de cada indivíduo.

Esse artigo foi publicado originalmente no portal Bnews. Você pode conferir acessando o link: A Geração da Imediatez e a Busca pelo Desequilíbrio