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Acúmulo de tarefas e saúde mental da mulher

Entrevista com a psicóloga Caroline Severo sobre Saúde Mental da Mulher

Ser uma ‘super’ mãe, esposa, ter uma carreira de sucesso, chefiar a casa, e manter a forma física nos padrões sociais são algumas das muitas exigências sociais que recaem sobre as mulheres. Nesse discurso de supostas necessidades e comportamentos, muitas vezes, a saúde mental das mulheres termina impactada, seja por não conseguirem cumprir essas exigências ou pelo simples desgaste em persegui-las constantemente.

Em entrevista à rádio Metrópole, Caroline Severo, psicóloga da Holiste, salientou que, com a entrada no mercado de trabalho, as mulheres não deixaram de ter as obrigações de antes, sendo responsáveis pela casa, educação dos filhos e outros, acumulando esses afazeres.

“Vivemos algo que se denomina como a ‘sociedade do cansaço’, determinada por esse excesso de tarefas. Isso afeta tanto os homens quanto as mulheres, mas as mulheres tendem absorver mais funções por conta do contexto histórico-social. Essa sobrecarga de atividades pode gerar consequências à saúde mental. Por isso é importante ficar atento aos sinais para diferenciarmos o que faz parte de um comportamento normal de algo disfuncional, ou seja, que esteja afetando as atividades da vida, causando perdas e sofrimento”, sublinhou a psicóloga.

Ouça o áudio completo da entrevista.

Inversão de papéis

A maternidade é um dos momentos em que é preciso atenção especial com a saúde mental da mulher. A psicóloga salienta que a inversão de papéis, na qual a mulher abdica, naquele momento, do seu lugar de filha para exercer o de mãe, gera uma série de repercussões em sua vida.

“Surgem muitas questões, inclusive em relação aos seus próprios traumas e frustrações como filha. Também há a questão do acúmulo de tarefas, o que acaba gerando desgaste e cansaço excessivos. Além do lado prático, como a privação de sono, associado a nova rotina, alterações hormonais, ou seja, há muita cobrança. O importante é estar atenta se algum sintoma surgir, pois ele vem para fazer a pessoa parar e dizer: ‘algo não está bem’”, destaca Caroline Severo. O segredo é entender que é humanamente impossível dar conta de tantas tarefas com perfeição e que haverá momentos em que a mulher tem que abdicar de algumas coisas.

 

Sintomas e busca por ajuda

Caroline Severo ressalta a necessidade de não se apegar a um diagnóstico – ou seja, a classificar o que se sente -, mas sim, atentar para como isso se reflete em vida.

“Se a mulher percebe que está ansiosa, com dificuldade para dormir, com pouco rendimento no trabalho, sem conseguir relaxar ou se algo que sai da normalidade do seu comportamento e está incomodando ou trazendo dor, é preciso olhar para isso. Quando se busca ajuda mais cedo, é mais fácil identificar o transtorno e trata-lo, antes que ele cronifique”, acentua.

A psicóloga ressalta que a busca por ajuda especializada é fundamental, mas o apoio familiar também é imprescindível, justamente, a fim de evitar cobranças, julgamentos, comparações com outras pessoas.