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Adolescência e comportamento: como lidar?

Nesta fase de grandes mudanças físicas e psicológicas, como os pais devem se relacionar com seus filhos?

A adolescência é uma fase de grandes transformações biológicas na vida do jovem. Hormônios em alta, é nesta fase que ocorrem as maiores transformações corporais do indivíduo: crescimentos dos membros, dos pelos corporais, aparecimento de acne, além do crescimento dos seios e início do ciclo menstrual, no caso das meninas. Como se não bastassem todas estas mudanças fisiológicas, a adolescência também reserva muitas transformações psicológicas para os jovens: descobrimento da sexualidade, construção de identidade pessoal apartada dos pais, início de vida social e relacionamento em grupo, maior autonomia nas atitudes e escolhas, etc..  Neste turbilhão de acontecimentos, como os pais podem manter uma participação efetiva na vida dos filhos, sem interferir em suas individualidades e, ao mesmo tempo, sem abrir mão da autoridade? Para esclarecer pontos sobre o tema Cláudio Melo, psicólogo da Holiste, compareceu ao programa Bahia Meio Dia.

Uma via de mão dupla

Para Cláudio, o primeiro passo é entender que esse momento também é complicado para os pais: “Tem uma analogia, que Freud fala, em que a adolescência é como se fosse um túnel que o adolescente tem que atravessar. Às vezes é muito complicado para ele, mas também é complicado para os pais, porque tanto os pais quanto os filhos perdem o referencial anterior e começam novos valores, novas questões no dia-a-dia”.  Esta travessia, aponta o especialista, é muito impactante para ambas as partes, mas os pais tendem a sentir muito o fato de não serem mais a referência, o confidente e o abrigo dos seu filhos: “O jovem começa a sair, deixa de ser criança para ter valores de adulto, ter autonomia; tem medo de enfrentar tudo isso, de ser abandonado pelos pais. É uma confusão danada. Os pais têm que contornar isso com tolerância, com cuidado. Claro, sempre impondo limites, sabendo dizer que tem determinadas coisas que não são possíveis; outras já são administráveis. Então, é difícil para os pais, mas é preciso saber que isso vai passar em algum momento”.

Com todas estas dificuldades no relacionamento entre pais e filhos, misturadas com a realidade da violência, drogas e outras mazelas sociais, como os pais devem intervir na educação dos filhos sem causar uma aversão, um bloqueio ou distanciamento por parte do jovem? Para Cláudio, é necessário enxergar e respeitar a individualidade do jovem: “Não existe um manual de instrução. Eu gosto de falar que não existe adolescência, existem “adolescências”. Cada um tem suas dificuldades e, às vezes, os pais ficam perdidos neste momento. O que fazer? Sempre o ideal é o diálogo, conseguir ter o diálogo”.

Comportamento e Saúde Mental

Cláudio chama atenção para o fato de, caso estiverem ocorrendo problemas mais graves no comportamento dos seus filhos, o acompanhamento com um especialista em saúde mental pode ser necessário: “O interessante é a gente notar que a adolescência é uma fase tão conflituosa para o jovem, que é nesse momento que muitos transtornos mentais desencadeiam a primeira crise: depressões, esquizofrenias, transtorno bipolar”.