A psiquiatra da Holiste, Fabiana Nery, falou para o jornal Bahia Meio Dia sobre o recente caso de uma aluna que levou uma faca dentro da mochila para a escola.
Segundo a médica, é preciso discutir o fato de maneira mais ampla. “A questão que devemos analisar é a de como lidar com os casos de agressões que crianças e adolescentes podem enfrentar dentro da escola e entender como esses fenômenos ocorrem”.
Questionada sobre as possíveis causas que podem levar um jovem a uma atitude como essa, a psiquiatra explica: “O que chama atenção neste caso específico, é pensar justamente o que aconteceu com esta menina para que ela tivesse uma atitude tão extrema de levar uma faca dentro da mochila. Provavelmente, todos os canais que poderiam ter sido solicitados por ela anteriormente falharam, ou seja, a comunicação com os pais, a comunicação com a escola…”
Para dra. Fabiana, o bullying pode vir a ser um dos causadores desses comportamentos, mas não é o único. Ela ressalta também que nem todas as crianças que passam por isso, serão agressivas como forma de defesa. “O bullying se caracteriza por episódios reiterados, ou seja, são ameaças, constrangimentos ou mau tratos que acontecem diversas vezes. Claro que todo jovem está sujeito a interpretar de alguma forma uma palavra de menos valia ou um apelido constrangedor, mas isso não necessariamente vai desencadear um comportamento de agressividade. Devemos ter cuidado, por exemplo, com os padrões que estas crianças e adolescentes estão observando em casa, pois eles têm a tendência a repetir estes padrões e comportamentos”.
“Os canais de comunicação entre a escola e os pais devem estar sempre abertos. Devemos lembrar também que violência gera violência, então nunca devemos incentivar nossos jovens a revidarem ou a se defenderem de forma violenta. É dever da escola e dos pais procurarem entender o que está acontecendo e procurar as vias adequadas para resolver o problema e tratar da forma mais particular possível”, alerta a psiquiatra.