Dados apontam que existem 23 milhões de pessoas no Brasil acometidas por transtornos mentais e cerca de 10% destas pessoas necessitam de algum tipo de intervenção mais contundente, como uma internação psiquiátrica.
Ainda cercada de um estigma muito grande, a internação é essencial para o manejo dos casos graves, em especial para evitar que o paciente represente um risco para si mesmo e para terceiros. Neste contexto, é preciso ter em mente que a internação não é um instrumento de punição ou segregação do indivíduo da sociedade, mas uma medida fundamental para monitorar e conter os sintomas graves das doenças mentais, com a finalidade de que esse individuo possa regressar ao convívio social o quanto antes.
A internação psiquiátrica moderna combina uma série de fatores que contribuem para um tratamento mais eficaz, entre eles um ambiente adequado para o paciente, onde as relações humanas e institucionais acontecem de forma fluida, proporcionando o desenvolvimento de todos os envolvidos. “Ambientoterapia na internação psiquiátrica” foi o tema da palestra de Ueliton Pereira, psicólogo e diretor técnico da Holiste, durante a Jornada de Saúde Mental.
“Há uma preocupação em transformar o ambiente terapêutico propício para experimentações de vivências significativas e reparadoras. Todos da Instituição estão envolvidos no processo de tratamento, por isso que a ambientoterapia envolve a relação entre pessoas, processos, ambientes, comunicação e cultura. O método é baseado na construção e manutenção de uma ambiência terapêutica”, detalhou Ueliton Pereira.
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Ambiência e vida social
A ambiência terapêutica tem a ver com a estrutura, com a estética, com os profissionais inseridos neste local, com as relações humanas que são vividas dentro do ambiente da internação. Não se trata tão somente de um projeto arquitetônico bonito ou agradável.
“Ela valoriza as relações humanas, a singularidade de cada sujeito inserido e as rotinas. Na internação, o paciente irá vivenciar as relações, a convivência e as trocas da mesma forma que vivenciava no ambiente externo. O tratamento não pode ser totalmente deslocado da vida social da pessoa”, sublinhou o psicólogo.
Equipe Mutidisciplinar
Ueliton Pereira salientou ainda que, na Holiste, existe uma equipe multidisciplinar que atua em conjunto, formada por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, arteterapeutas, educador físico, acompanhante terapêutica, nutricionista, entre outros.
“O conceito da ambientoterapia perpassa por todos os atores institucionais, como cuidadores, equipe de enfermagem, equipe técnica, todos aqueles que ficam em contato com os pacientes. A equipe inteira participa na construção e acompanhamento do tratamento do paciente. O espaço deve propiciar a elaboração dos conflitos psicoemocionais, para que o paciente saiba lidar com suas emoções e problemas no contexto social e familiar”, apontou o psicólogo.
ASSISTA TAMBÉM AO VÍDEO: AMBIENTOTERAPIA – REALIZANDO UM PROJETO TERAPÊUTICO
Jornada de Saúde Mental
Com o tema “Abordagens Terapêuticas no tratamento dos Transtornos Mentais”, a Jornada de Saúde Mental, promovida pela Holiste, ocorreu em outubro, em Salvador, e abordou questões relacionadas ao trabalho multidisciplinar no tratamento em Saúde Mental.
O evento contou com a intensa participação de profissionais e estudantes da área que, durante dois dias, debateram sobre psicologia, psicanalise, psicopedagogia, terapia ocupacional, nutrição e acompanhante terapêutico no tratamento dos transtornos mentais.