A palavra amor remente, quase sempre, à felicidade e completude. Existem, porém, casos em que as relações amorosas podem se tornar patológicas e se traduzir em muita dor e sofrimento. Mas, afinal, quando amar vira um problema? Para responder a essa pergunta a psiquiatra da Holiste, Livia Castelo Branco, esteve na Rádio Sociedade.
“O amor é algo muito prazeroso e que faz parte da vida das pessoas. Em alguns casos, porém, o excesso de amor pode se tornar um problema, tanto para a pessoa que tem esse sentimento quanto para quem está em volta, para quem está nesse relacionamento. Nós falamos em amor, mas muitas vezes nesses quadros aparecem características obsessivas, ciúme patológico, e até casos de delírio e psicoses”, alerta a médica.
Ouça a entrevista completa:
O que é amor?
Livia salienta que a definição de amor para cada pessoa é completamente diferente, e por ser um sentimento, pode estar associado a vários tipos de emoção, algumas muito boas, e outras bastantes negativas.
“Se formos perguntar para um homem que agride a companheira se ele a ama, é possível que ela diga que ama incondicionalmente. Mas as vezes a pessoa se deixa levar por uma impulsividade muito grande, uma raiva muito grande, que vem desse amor inicial, e isso se torna completamente descontrolado”, enfatiza Livia.
A psiquiatra salienta que é preciso prestar atenção para alguns sinais de que a relação está se tornando patológica. Se um comportamento do parceiro ou da própria pessoa estiver gerando dano ou sofrimento para si mesma ou para o outro, pode se tratar de uma patologia.
“Se a pessoa passa muito tempo preocupada, investigando, procurando algo, ansiosa por conta da relação, começa a apresentar insônia, crises de pânico, se há um gasto muito grande de energia emocional ou tempo que ela poderia estar investindo em algo produtivo ou prazeroso, isso é um sinal de que é preciso buscar ajuda”, sinaliza.
Sofrimento e razão
Livia pontua ainda que muitas vezes ocorrem casos em que a pessoa deposita no parceiro toda sua fonte de felicidade e razão de viver. Quando isso ocorre, pode ter consequências graves, chegando ao suicídio.
“Muitas vezes, ocorre da pessoa só perceber que está numa situação patológica depois que o estrago já ocorreu, ou seja, depois que já perdeu o relacionamento ou teve uma perda no trabalho por queda de produtividade, ou se revela algo muito dramático. Por isso esse tema precisa de atenção, e as pessoas que percebem que isso está ocorrendo com alguém próximo devem alertar” – finaliza.