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CELULARES NAS ESCOLAS E DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

Para Luana Dantas, psicóloga e coordenadora do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, o uso do aparelho na sala de aula pode ser prejudicial para o desenvolvimento de crianças e jovens.

A nova lei e as regras para o uso de celulares nas escolas

A partir do ano letivo de 2025, a proibição do uso de celulares nas escolas entrará em vigor. A nova medida estabelece que os estudantes não poderão usar os dispositivos dentro da sala de aula, nos intervalos e atividades extracurriculares, a menos que seja para fins pedagógicos.

Embora essa restrição tenha gerado resistência por parte de alguns alunos e responsáveis, para Luana Dantas, coordenadora do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, a medida trará benefícios para o aprendizado e para o desenvolvimento emocional dos jovens.

“Quando o professor está dando aula e um estudante está mexendo no TikTok ou apostando no jogo do tigrinho, como já ouvimos em relatos, a função da escola é perdida. O espaço escolar procura educar, transmitir conhecimento, promover a sociabilidade, mas notamos que o uso de aparelhos individuais tira o foco, podendo atrapalhar a tomada de decisão e a construção de uma responsabilidade em torno do próprio saber” – afirma a psicóloga.

Luana também aponta que essa solução poderia ter sido manejada e acordada entre pais e educadores, sem a necessidade de uma lei que regulasse o uso:

“Isso demonstra uma perda do prestígio e da autoridade dos professores, coordenadores e demais educadores em nossa sociedade. Os comportamentos aceitos no ambiente escolar deve ser algo decidido entre as partes que compõem aquele ambiente, contando com a participação de todos, sem a necessidade da intervenção do Estado.”.

Como o Uso Excessivo de Celulares nas escolas Impacta a Educação

De acordo com Luana, o uso desenfreado de celulares em ambiente escolar compromete a qualidade do ensino e dificulta a concentração dos alunos.

Além de afetar o desempenho acadêmico, o uso excessivo de dispositivos móveis também pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a tomada de decisões e a responsabilidade pelo próprio aprendizado.

Proibição ou Limite Educativo?

A medida não deve ser vista como um castigo, mas sim como um limite necessário para estimular a autonomia e a disciplina dos estudantes.

“Nós usamos a palavra proibição, mas é interessante perceber que estamos colocando um limite no uso, não é um castigo. A rede social, os jogos, os grupos de mensagem vão continuar existindo e sendo utilizados, mas fora da escola. Os limites são importantes, eles ajudam a desenvolver ferramentas para lidar com a própria frustração”.

A restrição ao uso de celulares no ambiente escolar já é uma realidade em diversos países. De acordo com o Relatório Global de Monitoramento da Educação da Unesco, um em cada quatro países já adota essa prática. A França, por exemplo, implementou a proibição em 2018, com o objetivo de reduzir a dependência digital dos estudantes.

O Impacto da Nova Medida na Saúde Mental dos Jovens

Um dos principais pontos de preocupação é a relação entre o uso excessivo de celulares e os problemas de saúde mental em crianças e adolescentes. Como a maturidade cerebral só se completa por volta dos 25 anos, o acesso irrestrito a dispositivos móveis pode impactar diretamente o desenvolvimento cognitivo e emocional dos jovens.

A psicóloga Luana Dantas destaca que o isolamento social dentro das escolas tem se tornado cada vez mais comum devido ao uso abusivo de celulares. “Esse isolamento é muito recorrente. Cada vez mais recebemos jovens, sobretudo pré-adolescentes entre 11 e 13 anos, que se isolam nos celulares mesmo dentro das escolas, não socializam. Em efeitos de saúde mental será muito interessante permitir que as crianças retornem para a escola sem a mediação do aparelho, sem olhar as redes sociais porque acham que a aula está chata, vamos ajudá-las a se concentrar no próprio desenvolvimento, inclusive acadêmico”.

Como Escolas e Famílias Podem Lidar com a Mudança?

Além disso, os pais devem ficar atentos ao comportamento dos filhos e buscar apoio profissional caso percebam sinais de compulsão digital.  “Não existe um manual para criação dos filhos e caso sintam necessário, busquem apoio de profissionais de saúde mental”, finaliza Luana Dantas, coordenadora do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria.

Conclusão

A proibição do uso de celulares nas escolas é uma medida tomada para melhorar a qualidade da educação, reduzir a dependência digital e fortalecer o desenvolvimento emocional dos estudantes. Apesar dos desafios iniciais, essa mudança pode trazer benefícios significativos para o aprendizado e a socialização dos jovens.