Quadro psiquiátrico pede tratamento adequado e vai além de uma simples desconfiança.
Carregada de um sentido popular muito forte, a palavra paranoia é comumente usada para designar pessoas que são desconfiadas de tudo, sem algum motivo aparente. Entretanto, o termo possui outro significado quando aplicado aos transtornos mentais.
André Gordilho, psiquiatra e psicogeriatra da Holiste, explica que, em termos psicopatológicos, a paranoia está intimamente associada ao conceito de delírio. É aquela situação em que uma pessoa tem plena convicção em sua crença, ainda que o objeto dela não seja real.
Na literatura médica, o delírio é definido como algo psicologicamente incompreensível e impenetrável. De acordo com o psiquiatra, diversos pensamento e comportamentos podem ser englobados nessa categoria:
“As ideias delirantes, geralmente, são de cunho persecutório (perseguição), mas podem ser, também, de autorreferência, grandeza, ciúmes, erotismo, hipocondria, religião e identidade”, aponta o psiquiatra.
Causa e Efeitos da Paranoia
André Gordilho explica que não existe uma causa definitiva para a doença. Sobre os gatilhos que podem levar à paranoia, o especialista indica que “existem fatores genéticos, bioquímicos e neuropatológicos, além de teorias psicossociais e psicanalíticas.
Uma das hipóteses mais difundidas é a dopaminérgica, em que áreas escolhidas do cérebro apresentam um excesso da atividade desse neurotransmissor”, afirma o psiquiatra.
Esquizofrenia, transtorno bipolar, ansiedade crônica, depressão, entre outros transtornos podem desencadear um quadro de paranoia. É importante lembrar, também, que o consumo de algumas substâncias psicoativos também podem resultar em uma paranoia:
“É muito bem estabelecido que drogas que aumentam a atividade dopaminérgica podem desencadear quadros psicóticos. Observa-se esses efeitos com a cocaína e com a anfetamina”, indica Gordilho.
É possível, ainda, que a paranoia proporcione um intenso sofrimento psíquico associado a distúrbios de comportamento que podem, em alguns casos, levar à hostilidade e a comportamentos violentos:
“Dependendo da patologia, a pessoa pode comprometer totalmente sua capacidade produtiva e de autogestão, destruir laços sociais, afetivos e familiares, além de apresentar descuido pessoal, isolamento social que pode levar, além de perdas materiais e afetivas, ao comprometimento de sua saúde física”, diz o especialista.
Como controlar a paranoia?
Antes de tudo, é preciso identificar o que está acontecendo com o paciente. Entender o contexto de vida e realizar o tratamento de forma multidisciplinar, com suporte à família e às pessoas que lidam diretamente com o indivíduo.
Além da psicoterapia, o uso de medicamentos antipsicóticos ajudam a estabilizar o quadro: “Em alguns casos pode ser necessário o internamento, pois o paciente, por acreditar cegamente no delírio, não aceita voluntariamente se tratar”, conclui o especialista.
Matéria publicada originalmente em: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/37492-o-que-e-paranoia-e-o-que-leva-uma-pessoa-a-ser-paranoica