A cidade de Gramado (RS) foi a sede do Cérebro 2018 – Congress on Brain, Behavior and Emotions – evento científico que reúne temas relacionados às neurociências.
Considerado um dos principais eventos internacionais nessa área, o congresso tem como destaque a sua característica inovadora, reunindo cientistas e os principais autores da literatura especializada atual, abordando temas relacionados as neurociências como um todo, atraindo profissionais da psiquiatria, neurologia, geriatria, psicologia e outras áreas relacionadas.
A equipe de psiquiatras da Holiste, representada pelos psiquiatras Luiz Fernando Pedroso, Lívia Castelo Branco, Severino Bezerra, Paula Dione e Luiz Guimarães, participou do evento, que aconteceu entre 20 e 23 de junho. Contando com palestrantes de nível internacional, a programação abordou tópicos importantes como envelhecimento e memória, psicofarmacoterapia na infância e adolescência, dependência química, demência, biomarcadores e exames de imagem, atualizações e protocolos, entre outros.
CIRCUITOS NEURAIS E TRANSTORNOS MENTAIS
A influência dos circuitos neurais na origem dos transtornos mentais foi um dos pontos de destaque no evento.
“A palestra “Intersecção entre drogadição e TDAH”, por exemplo, abordou associação entre o TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e dependência química, sendo observado um circuito neuronal comum entre as duas patologias e a possibilidade de redução da busca por recompensas em pacientes tratados para o TDAH”, observa a psiquiatra Livia Castelo Branco.
PLASTICIDADE CEREBRAL
Outro ponto destacado é a relação entre plasticidade cerebral – capacidade que o cérebro possui para modificar sua organização estrutural e funcional em resposta aos estímulos – e reserva cognitiva, no modo como um indivíduo vai responder diante de um quadro demencial.
“Indivíduos suscetíveis a quadros demenciais, que apresentam reserva cognitiva baixa, podem desenvolver a doença de Alzheimer mais cedo e com caráter mais agressivo do que indivíduos com reservas maiores. Uma boa reserva cognitiva permite a manutenção de múltiplas funções e atividades cerebrais mesmo na vigência de patologias cerebrais. Esse dado é importante para que, no momento do planejamento terapêutico de pacientes com esse perfil, consideremos a importância de incluir exercícios de estimulação cognitiva”, explica Livia.
A reserva cognitiva é maleável e construída ao longo do tempo. A adoção de hábitos de vida saudáveis (boa alimentação, prática de atividades físicas, etc.) associada a uma rotina ativa e produtiva (estudo, trabalho, atividades sociais) pode influenciar a reserva cognitiva, retardando ou revertendo os danos do envelhecimento no cérebro.
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DESCONSTRUINDO O ESTIGMA
Além dos conteúdos relacionados às estruturas neurais, foram ministradas aulas sobre as patologias mentais nas diversas faixas de idade – da infância e adolescência à terceira idade – com foco nas abordagens comportamentais, nos atendimentos familiares, na importância do diálogo sobre esses temas e na busca pelo tratamento especializado.
“Percebemos uma tendência atual de valorização da psiquiatria, principalmente por conta de uma maior compreensão sobre a perda de anos produtivos e redução da qualidade de vida provocados pelos transtornos mentais. Outro fato que vem contribuindo para uma maior visibilidade em torno das doenças mentais é um número cada vez maior de celebridades falando sobre o seu sofrimento psíquico; isso ajuda a desconstruir o estigma em torno do assunto e incentiva a busca pelo tratamento adequado com um profissional”, encerra a psiquiatra Paula Dione.