A Dependência química, seja ela ocasionada pelo álcool ou por outras drogas, é apontada como uma importante causa dos afastamentos do trabalho. Dr. Luiz Guimarães, foi entrevistado no Jornal da Manhã (TV Bahia) e esclareceu pontos importantes sobre a relação entre a dependência química e o afastamento de homens e mulheres dos seus postos de trabalho.
Segundo dados do INSS, o número de pessoas afastadas por causa do uso de álcool e outras drogas vem crescendo a cada ano; só em 2013 foram 719 casos de afastamento por este motivo.
É importante frisar que estes dados tratam apenas das pessoas que foram efetivamente afastadas pelo INSS, mas acredita-se que o número de profissionais que apresentam problemas de uso e abuso de drogas seja muito maior. Para o psiquiatra, é importante notar que os problemas começam a acontecer antes do estabelecimento de um quadro de dependência: “O grande número de trabalhadores que têm problemas com álcool são aqueles que ainda não são dependentes de álcool. Eles têm que ser identificados pela empresa antes que cheguem ao grau de dependência, porque estes que estão afastados já são a ponta de um problema bem maior. Então, se agente pegar numa empresa o número de pessoas que têm problema com álcool é muito maior do que o de dependentes”.
Assista a entrevista completa:
O PAPEL DA EMPRESA E DA FAMÍLIA
Quanto ao modo como a empresa deve agir diante destes casos, Dr. Guimarães acredita que o diálogo aberto e franco é primordial na relação da empresa com o colaborador: “A empresa tem que ter uma regra muito clara, um política muito clara de como vai lidar com isso. A primeira coisa é tirar o estigma que há sobre isso, porque muitas vezes o funcionário sabe que ele tem o problema e não procura um tratamento por medo de uma possível punição”.
Para identificar se um funcionário ou colega de trabalho passa por um problema semelhante, o psiquiatra alerta para alguns padrões comportamentais: “Uma mudança no padrão da postura de um funcionário, por exemplo: o setor daquele funcionário aumentou o número de acidentes de trabalho; aquela pessoa passou a se ausentar por mais tempo; começou a se indispor com os outros colegas no trabalho; ele costuma se ausentar do ambiente de trabalho, voltar mais tarde no horário de almoço ou pausas para beber água ou cafezinho; ele começa a pedir adiantamentos salariais ou dinheiro emprestado a colegas”.
A família tem papel fundamental no processo, tanto na identificação dos sintomas quanto no acompanhamento do tratamento: “A família é fundamental. A família muitas vezes se sente impotente porque aquele trabalhador é quem sustenta toda a casa. Mas o tratamento começa muitas vezes, e de uma forma mais eficaz, com a família, quando as famílias procuram um atendimento e nós orientamos como lidar com esta pessoa. E a empresa também tem que ter um link direto com a família para juntos tentarem reabilitar aquela pessoa”.
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