Luiz Fernando Pedroso, psiquiatra e Diretor Clínico da Holiste, falou sobre os desafios de exercer uma psiquiatria moderna e sobre os valores que sempre orientaram o trabalho realizado na Holiste nesses mais de 16 anos da clínica.
O discurso foi realizado na cerimônia de inauguração da nova sede da Holiste em novembro de 2016.
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O DESAFIO DE UMA PSIQUIATRIA MODERNA
“Em 2016 inauguramos nossa nova sede. Um projeto planejado em todos os detalhes para oferecer um alto padrão de atendimento aos nossos pacientes, seus familiares e para nossa equipe.
Mais do que a realização de um sonho, essa é a concretização de nosso projeto terapêutico, a continuidade do trabalho que estamos realizando a mais de 16 anos e que conquistou a credibilidade e confiança de nossos pacientes e profissionais da saúde mental.
Atualmente ainda vivemos alguns discursos de hostilidade a psiquiatria, a saúde mental, sobretudo ao eletrochoque e a internação. Ideias preconceituosas e anti-psiquiatria.
Esse foi um dos maiores desafios que enfrentamos, o da afirmação do nosso trabalho. Da necessidade de falar em saúde mental com letras maiúscula e de todos os seus tratamentos. Pois não é correto acreditar que um tratamento substitui o outro, cada um tem sua indicação, eles são na verdade instrumentos complementares. O tratamento moderno inclui as psicoterapias e psicanalises, as medicações, o hospital dia, a estimulação magnética, o eletrochoque e a internação integral. É por acreditar nisso que a gente trilhou esse caminho.
Mesmo diante de todos os desafios, sempre tivemos dois princípios básicos que guiaram nossa trajetória: a valorização do profissional da saúde mental e um novo olhar sobre o paciente psiquiátrico.
O psiquiatra, o psicólogo, os terapeutas, todos esses profissionais precisam ser valorizados. Nós não permitimos sub remunerações, nosso profissional não é “mais um”, são os melhores que conseguimos encontrar no mercado.
Também não enxergamos nossos pacientes como doentes terminais ou merecedores da compaixão pública. Nosso paciente é aquela pessoa que tem uma crise, um surto, que passa por um tratamento e volta ao mercado de trabalho, à sua vida funcional.
A realização do projeto da nova clínica é uma afirmação de princípios, de nossa tenacidade e visão sobre a Saúde Mental. O que vemos hoje na nova sede da Holiste é tudo muito bonito, mas não podemos esquecer que se trata de um hospital psiquiátrico. Mas, não precisa ser um hospital ostensivo. Psiquiatria é outra coisa. Psiquiatria é medicina, mas também é psicologia, sociedade, cultura, sexualidade e muito mais que isso. Este é, acima de tudo, um espaço de conversa e convivência.
A piscina, as salas de terapia, o salão de jogos, a academia, não são instrumentos para um lazer fútil, mas facilitadores de uma convivência terapêutica sob o olhar do profissional, que observa as transferências, projeções e angustias dos pacientes. É este espaço de vivências, de trocas, de relações pessoais e institucionais que possibilita a recuperação de nossos pacientes, e o que nos dá motivos para comemorarmos mais uma grande vitória.”